Em correspondência ao Presidente Lula, ACI solicita medidas mais robustas e permanentes, inclusive para empresas indiretamente prejudicadas pela taxação
Por ACI: 14/08/2025
A Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Dois Irmãos e Ivoti (ACI-NH/CB/EV/DI/IV) encaminhou correspondência ao Presidente Lula, nesta quarta-feira, 13, em que solicita a adoção de medidas mais amplas para mitigar os impactos da tarifa de 50% imposta pelo governo Trump aos produtos brasileiros e preservação de empregos.
O documento assinado pelo diretor Fauston Saraiva destaca que as medidas anunciadas, incluindo a abertura de linhas de crédito facilitadas, a suspensão temporária da cobrança de tributos e a aquisição pública de mercadorias perecíveis, representam um passo inicial positivo e oportuno para aliviar pressões imediatas sobre as empresas diretamente impactadas.
“Elas demonstram a sensibilidade do governo federal frente à urgência da situação, ajudando a evitar demissões em massa e o desperdício de bens essenciais no curto prazo. No entanto, essas ações são meramente transitórias e paliativas”, explica.
Conforme Saraiva, o pacote anunciado resolve problemas pontuais, mas não ataca as raízes estruturaiso, deixando o setor produtivo vulnerável a recorrências futuras. Em um cenário onde tarifas protecionistas como essa podem persistir ou se intensificar, soluções temporárias correm o risco de se tornarem ineficazes, perpetuando incertezas e inibindo investimentos de longo prazo.
A ACI argumenta que, para uma resposta efetiva e sustentável, faz-se necessário adotar medidas mais robustas e permanentes, capazes de restaurar a competitividade das indústrias nacionais. Dentre elas, destaca a desoneração da folha de pagamento, que reduziria os custos trabalhistas e incentivaria a manutenção e criação de empregos formais, especialmente em setores intensivos em mão de obra como o nosso.
“Isenções fiscais, como a redução ou eliminação de impostos sobre insumos e exportações, seriam cruciais para equilibrar o jogo internacional, considerando que o Brasil já enfrenta uma carga tributária elevada – superior a 33% do PIB, segundo dados do IBGE, o que agrava a desvantagem competitiva frente a economias com regimes fiscais mais flexíveis”, acrescenta o diretor da ACI.
Além disso, é fundamental, conforme a entidade, que essas medidas se estendam não apenas às empresas exportadoras diretas, mas também às indiretamente prejudicadas, como fornecedores locais, transportadoras e prestadores de serviços na cadeia de suprimentos. Ignorar esses elos indiretos poderia resultar em um efeito dominó, com impactos multiplicados em regiões como o Vale do Sinos, onde mais de 50 mil empregos dependem interligadamente do setor exportador, conforme a Federação das Indústrias do Rio Grandeo do Sul (Fiergs).
Sem tais ações estruturais, afirma o documento da ACI, a produção nacional corre o risco de estagnar, com consequentes perdas de mercado para concorrentes internacionais e um aumento no desemprego estrutural, que já atinge níveis preocupantes em nosso país. Essa abordagem limitada, embora bem-intencionada, pode ser interpretada como insuficiente diante da magnitude da ameaça, demandando uma visão mais ampla e proativa para salvaguardar a soberania econômica brasileira.