A saúde do trabalhador é a saúde da empresa, alerta especialista
NR-1 e Gestão de Riscos Trabalhistas foram os temas da apresentação compartilhada por Fabiana Bissolotti e Lídia Herzberg. Elas foram palestrantes na Arena Dinâmica 2025, uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS) e da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti, que integrou a programação oficial da Sulserve – Feira de Panificação, Food Service e Hotelaria, realizada de 24 a 26, na Fenac.
A apresentação conduzida por Fabiana Bissolotti, sócia-diretora da ConSeg Gestão Integrada em Saúde Ocupacional, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente e vice-presidente do Comitê de Serviços da ACI, teve como foco central a nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), com ênfase na inclusão dos riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). O objetivo foi informar e conscientizar empresas sobre a importância da avaliação desses riscos no ambiente de trabalho e preparar as organizações para as adequações exigidas pela norma. "O empresário precisa compreender que a saúde do trabalhador é a saúde da empresa e encarar esse novo cenário como um investimento", definiu Fabiana. "Seguir essa legislação aumentará a produtividade, com menos afastamentos e ausências, e reduzirá a possibilidade de passivo trabalhista", complementa Lídia Herzberg, advogada com sólida atuação em Direito do Trabalho, formada pela PUCRS e especializada pelo IDC e UFRGS.
Com dados alarmantes, Fabiana apresentou um panorama da saúde mental no Brasil. Em 2024, o INSS recebeu mais de 3,5 milhões de pedidos de licença médica, sendo 472 mil por transtornos mentais, especialmente entre mulheres com média de 41 anos. Esses afastamentos geraram um impacto financeiro de mais de R$ 3 bilhões. Frente a esse cenário, a nova NR-1 determina expressamente que, além dos riscos físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos, os psicossociais também devem ser avaliados, classificados e monitorados pelas empresas.
Fatores de risco
Esses fatores de risco psicossociais incluem, destacaram as especialistas, situações como assédio, sobrecarga de trabalho, ausência de apoio organizacional, metas inatingíveis, conflitos interpessoais, falta de reconhecimento, baixa autonomia, entre outros. Tais condições estão diretamente ligadas ao adoecimento mental dos trabalhadores e podem resultar em estresse, depressão, distúrbios osteomusculares e até afastamentos prolongados.
Com a publicação da Portaria MTE nº 765/2025, foi oficializada a prorrogação da vigência da nova NR-1, dando às empresas prazo até 26 de maio de 2026 para se adequarem. Durante esse período, é essencial revisar estruturas organizacionais, alinhar as equipes de RH, SESMT e jurídico, e elaborar ou revisar os Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR), considerando os fatores psicossociais e a já vigente NR-17 (Ergonomia).
Fabiana também apresentou uma lista exemplificativa dos principais perigos e suas possíveis consequências, destacando a necessidade de estratégias práticas para mitigação. Entre as ações sugeridas estão: fortalecimento da cultura organizacional com comunicação não agressiva, implantação de canais de denúncia, monitoramento contínuo de riscos, definição de políticas claras de prevenção ao assédio, capacitações em gestão do estresse e documentação detalhada das etapas de adaptação à norma.
Ao final, Fabiana e Lídia disseram que o cumprimento da nova NR-1 é mais do que uma obrigação legal — trata-se de um compromisso com a saúde integral dos trabalhadores e com a sustentabilidade dos negócios. A mudança exige planejamento, ações preventivas e envolvimento ativo de toda a estrutura corporativa.
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