Super quarta sem grandes surpresas
O vice-presidente de Economia da ACI, André Momberger, enfatiza que a super quarta – dia em que o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (FED), dos Estados Unidos, anunciam o rumo da taxa de juros nos seus respectivos países – não teve grandes surpresas este mês. Momberger enfatiza que o mercado financeiro já trabalhava com a possibilidade de os Estados Unidos reiniciarem o ciclo de baixa da taxa de juros. “A dúvida era se seria 0,25% ou 0,50% e se seriam duas ou três baixas até o final do ano. No Brasil, também havia a expectativa de que o Banco Central manteria a taxa Selic em 15%, o que acabou se confirmando”, explica.
Considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses de 5%, o juro real no Brasil está acima de 10%. Com o Banco Central dos Estados Unidos baixando a taxa de juros, aumenta o distanciamento em relação à taxa de juros no Brasil e o fenômeno pelo qual os investidores captam dinheiro a uma taxa mais baixa em outros países e o direcionam para mercados emergentes, como o Brasil, a uma taxa mais alta, o que acaba ajudando a taxa de câmbio brasileira.
O Banco Central brasileiro manteve a taxa de juros devido à inflação ‘teimosamente alta’, como Momberger define, mesmo com sinais de que ela vem enfraquecendo. Isso acontece porque a base de expansão monetária continua crescendo, a renda também e o desemprego está diminuindo. Em outras palavras, há mais dinheiro na mão da população, mas a produtividade não está crescendo. Assim, há um fenômeno inflacionário e o Banco Central adota cuidados para evitar o descontrole. Com isso, a economia é freada por um lado e, de outro, os incentivos governamentais tentam fazê-la acelerar.