Retrospectiva trabalhista de 2025: o que o ano nos ensinou sobre prevenção e gestão de riscos nas empresas

Por ACI: 19/12/2025

O ano de 2025 deixou um aprendizado muito claro para as empresas: os passivos trabalhistas continuam surgindo, em sua maioria, pelos mesmos motivos — falta de prevenção, ausência de atualização jurídica e gestão desconectada da realidade operacional. Mesmo diante de mudanças na jurisprudência, novas tecnologias e maior acesso à informação, o que se observou ao longo do ano foi que os riscos mais relevantes não nasceram de situações extraordinárias, mas sim de falhas básicas na organização das rotinas trabalhistas.

A seguir, destaco os principais pontos que marcaram 2025, a partir da atuação prática na consultoria trabalhista junto a empresários.

1 - Contratos de trabalho ainda desconectados da prática real

Em 2025, muitos litígios tiveram origem em contratos incompletos, genéricos ou desatualizados, que não refletiam as funções efetivamente exercidas pelo colaborador. A experiência do ano reforçou que o contrato é ferramenta de gestão, e não apenas formalidade. Empresas que revisaram cargos, atribuições, jornadas e regimes de trabalho conseguiram reduzir significativamente riscos futuros.

2 - Ausência ou fragilidade de políticas internas

Outro ponto recorrente foi a inexistência — ou a ineficácia — de políticas internas documentadas. Temas como conduta e compliance, prevenção ao assédio, uso de tecnologia e dados e canais de comunicação e denúncia seguiram sendo grandes geradores de conflitos quando não tratados de forma clara e preventiva. Em contrapartida, empresas que investiram em políticas internas bem-estruturadas criaram ambientes mais seguros, previsíveis e juridicamente sustentáveis.

3 - Gestão de jornada e horas extras no centro das discussões

A gestão inadequada da jornada de trabalho continuou sendo um dos principais focos de passivo em 2025. O ano evidenciou que não basta controlar horário: é necessário alinhar prática, sistema de registro, cultura interna e orientação aos gestores. Onde isso não ocorreu, os riscos apareceram rapidamente — muitas vezes de forma silenciosa.

4 - Conflitos internos ignorados se transformaram em litígios

Situações que poderiam ter sido resolvidas internamente acabaram evoluindo para reclamações trabalhistas simplesmente pela omissão na gestão de conflitos. 2025 mostrou, na prática, que atuar preventivamente — com diálogo, orientação jurídica e mediação — é uma das formas mais eficientes de evitar ações judiciais e desgastes desnecessários.

5 - Impacto direto das decisões do TST e do STF na rotina empresarial

Por fim, ficou ainda mais evidente que acompanhar a jurisprudência deixou de ser algo restrito ao processo judicial. Decisões recentes do TST e do STF impactaram diretamente modelos de contratação, gestão de jornada, enquadramentos de cargos e políticas internas. Empresas que mantiveram suas rotinas atualizadas conforme o entendimento dos tribunais conseguiram se antecipar a riscos e tomar decisões mais seguras ao longo do ano.

O principal aprendizado de 2025

A maior lição deixada por 2025 é que prevenção trabalhista não é custo, é estratégia. Empresas que investiram em consultoria jurídica contínua:

- Reduziram riscos;

- Fortaleceram sua cultura interna;

- Ganharam previsibilidade e 

- Tomaram decisões com mais segurança.

O principal aprendizado deixado por 2025, então, é claro: a prevenção trabalhista deixou de ser uma escolha e passou a ser uma estratégia essencial de gestão. Empresas que adotaram uma atuação preventiva conseguiram reduzir riscos, evitar litígios, fortalecer sua cultura interna e tomar decisões com maior previsibilidade e segurança.

A prevenção não substitui a defesa quando necessária, mas é ela que garante relações de trabalho mais sustentáveis, eficientes e alinhadas com a realidade empresarial — hoje e no futuro.

Caroline Guedes - Advogada
SNA Advogados Associados

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