Lucro não é sorte; é resultado de planejamento estratégico
Com o tema gestão financeira estratégica para o setor de alimentação fora do lar, Rosane Machado foi uma das protagonistas da Arena Dinâmica da Sulserve 2025 – Feira de Panificação, Food Service e Hotelaria, que ocorre de 24 a 26, na Fenac. A Arena Dinâmica é uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS) e da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti. Contadora com mestrado em Controladoria e Finanças e com mais de 15 anos de experiência em consultoria empresarial, Rosane é fundadora e CEO do Grupo ROMABC, consultoria que já atendeu mais de 500 empresas no setor alimentício, e vice-presidente de Micro e Pequenas Empresas da ACI.
Ela trouxe orientações práticas e diagnósticos claros sobre como transformar os desafios financeiros enfrentados por empresas do ramo gastronômico em oportunidades de crescimento sustentável. Rosane compartilhou um conjunto de estratégias que visam aumentar a lucratividade, reduzir desperdícios e preparar os negócios para expandir com segurança. “É importante entender que não há fórmula mágica que sirva para todas as empresas. E o setor de gastronomia traz ainda mais dificuldades, dada a sua complexidade, uma vez que incorpora, ao mesmo tempo, atividades de indústria, comércio e serviços”, enfatizou a especialista logo na abertura da apresentação.
Rosane apresentou estudo que aponta que 29% das empresas do setor fecham as portas nos dois primeiros anos. “No período de cinco anos, 60% encerram as atividades”, complementou, reforçando como é desafiador para o empreendedor ter sucesso nesse segmento.
Movimento é diferente de saúde financeira
Segundo ela, a ilusão de que um restaurante cheio é sinônimo de saúde financeira ainda é uma armadilha comum no setor. Muitas empresas operam com margens extremamente apertadas, de 10% a 15%, e acabam entrando em ciclos de exaustão financeira por não adotarem práticas de gestão adequadas. A centralização excessiva no dono, a ausência de planejamento de caixa, retiradas informais e o descontrole de custos fixos são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário.
Rosane destacou a importância do controle rigoroso do CMV (Custo da Mercadoria Vendida), da precificação baseada em dados reais e da separação absoluta entre contas pessoais e empresariais. Também alertou para o erro comum de copiar preços da concorrência sem considerar os próprios custos e margens, o que compromete a viabilidade do negócio. “Sempre sugerimos aos empresários darem atenção especial aos artigos e serviços que geram maior lucratividade, em vez de focar no que vende mais. Esses, que melhoram o lucro, devem ter mais destaque e investimentos”, explica.
Gestão por dados
Um dos pontos mais relevantes da apresentação foi o conceito de “gestão por dados”. Rosane defende o uso de indicadores concretos, como ponto de equilíbrio, margem líquida por item e histórico comparativo, como base para todas as decisões estratégicas. Ela ainda apresentou exemplos de metas financeiras saudáveis, como teto de 22% para folha de pagamento, 10% para custos estruturais e 8% para pró-labore.
Além disso, abordou o papel fundamental da governança, mesmo em empresas familiares ou de pequeno porte. A estruturação de reuniões com indicadores, definição clara de funções e objetivos mensuráveis (como KPIs) são práticas essenciais para manter o controle e evitar decisões baseadas apenas em percepções. O fortalecimento da visão estratégica, a criação de reservas de capital de giro e o planejamento de expansão com fluxo de caixa projetado também foram apresentados como pilares para um crescimento sustentável.
A mensagem final da especialista reforçou que a maturidade empresarial não depende de tamanho, mas da capacidade de transformar o conhecimento financeiro em decisões práticas. “Domine o financeiro como já domina o sabor”, ressaltou. Rosane concluiu sua participação citando uma máxima de Mahatma Gandhi: o futuro depende do que você faz hoje.
