Neurociência e Criatividade
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”.
Salmo 127:1 14MAI15.
1- Afinal o que é Neurociência?
É comum a expressão quando alguém erra ou executa de modo equivocado uma tarefa: “O que você tem dentro desta sua cabeça?”. Este questionamento é feito normalmente de modo depreciativo e jocoso, tentando depreciar moralmente a pessoa envolvida em uma ação que não foi bem conduzida e cujos resultados propostos não foram atingidos ou, quando também o resultado alcançado está trazendo algum dano tanto a uma organização ou a um grupo de pessoas.
Como o questionamento anteriormente descrito representa uma prática normal e igualmente pouco avaliada e pensada antes de ser expressa verbalmente em virtude de ser uma prática de muitos e muitos anos, ela perdeu todo o seu caráter de efetivamente questionar o que nós levamos realmente na nossa cabeça.
O cérebro que carregamos internamente à nossa “caixa craniana” é algo fascinante, e é mais do que isto, é algo altamente sofisticado e misterioso, cujo peso é de aproximadamente 1 kg. Se examinamos os registros da história da humanidade, podemos afirmar estar ele no ápice do seu desenvolvimento. Por outro lado, e o que é maravilhoso e quase inacreditável, ele é constituído de trilhões de células, as quais movimentam-se cada uma diferentemente das outras, sem deixar de se comunicar uma com as outras. O cérebro é uma rede multifuncional e transdisciplinar estruturada por ligações incomuns.
Certamente você já se perguntou: “O que é que eu tenho dentro da minha cabeça?”. “Como é este cérebro que carrego sobre os meus ombros?” Mesmo sendo uma resposta não muito fácil de ser respondida, ela é absolutamente necessária, pois é com este questionamento que teremos uma adequada idéia da maravilha que levamos no interior de nossa cabeça.
Iniciamos dizendo ser o cérebro algo altamente sofistificado, misterioso e antes de tudo, extremamente fascinante. É ele que dá e gera a dinâmica da vida mantida pelo nosso coração, que pode ser comparado a um “motor” gerador de energia movimentadora do nosso corpo. O cérebro é o condutor desta dinâmica corporal e física.
Detalhando e esmiuçando este órgão tão vital e importante para nós, podemos colocar sem medo de errar, ser o cérebro algo altamente sofisticado, misterioso e fascinante. O seu peso de aproximadamente um (1) kg. identifica que este chegou ao ápice da sua evolução. Quando falamos e pesquisamos a sua estrutura, somos surpreendidos pelos números, ou seja, são trilhões de células, desenvolvendo-se, movimentando-se, comunicando-se com toda a plenitude e o que é mais notável, diferenciando-se uma das outras. Cada uma de suas células, chamadas de Neurônios, diferenciam-se uma das outras de modo que esta diferenciação gera a comunicação dos Neurônios entre si. Cada Neurônio comunica-se aproximadamente com dez mil (10.000) outros Neurônios. Como resultado desta interação temos uma altamente requintada e eficaz rede eletroquímica, a qual tem a capacidade de transmitir sinais, permitindo a estruturação e a configuração de milhares e até milhões de informações, o armazenamento de igual número de dados, e mais ainda, sustenta o desenvolvimento de exercícios de lógica, a articulação de possibilidades de simbolização do que é visto exteriormente ao corpo humano e a geração de gestos coordenados. A estas potencialidades o cérebro tem a capacidade de desenvolver uma base física de pensar sobre si mesmo e identificar-se como um coordenador lógico de si mesmo.
Todas estas considerações nos permitem avançar, definir e conceituar o que vem a ser a Neurociência. O Wikipédia, a enciclopédia livre nos ajuda a conceituá-la:
Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso. Tradicionalmente, a Neurociência tem sido vista como um ramo da biologia. Entretanto, atualmente ela é uma ciência interdisciplinar que colabora com outros campos como a educação, química, ciência da computação, engenharia, antropologia, linguística, matemática, medicina e disciplinas afins, filosofia, física e psicologia. O termo Neurobiologia é usualmente usado alternadamente com o termo Neurociência, embora o primeiro se refira especificamente a biologia do sistema nervoso, enquanto o último se refere à inteira ciência do sistema nervoso. O escopo da Neurociência tem sido ampliado para incluir diferentes abordagens usadas para estudar os aspectos moleculares, celulares, de desenvolvimento, estruturais, funcionais, evolutivos, e médicos do sistema nervoso, ainda sendo ampliado para incluir a cibernética como estudo da comunicação e controle no animal e na máquina com resultados fecundos para ambas áreas do conhecimento.
As técnicas usadas pelos neurocientistas tem sido expandidas enormemente, com contribuições desde estudos moleculares e celulares de neurônios individuais até do "imageamento" (criar imagens de) de tarefas sensoriais e motoras no cérebro. Avanços teóricos recentes na neurociência têm sido auxiliados pelo estudo das redes neurais ou com apenas a concepção de circuitos (sistemas) e processamento de informações que tornam-se modelos de investigação com tecnologia biomédica e/ou clínica.xDado o número crescente de cientistas que estudam o sistema nervoso, várias proeminentes organizações de Neurociência tem sido formadas para prover um fórum para todos os neurocientistas e educadores. Por exemplo, a International Brain Research Organization foi fundada em 1960, a Society for Neuroscience em 1969, a Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento em 1976 e a Sociedade Portuguesa de Neurociências em 1992.
Pode a Neurociência apoiar o processo de gerar Inovações? A resposta está no texto que segue.
2-A Neurociência é o fundamento da revolução da Inovação corporativa:
As pesquisas e os conhecimentos aplicados ao cérebro, têm conseguido bons e animadores resultados nas organizações voltadas ao desenvolvimento de práticas para a geração de Inovações. A década de 1990 foi importante para a ampliação e igualmente o aperfeiçoamento dos desenvolvimentos de novos conhecimentos sobre o funcionamento do nosso cérebro. Esta ênfase fez com que os EEUU declarassem esta década, como a “Década do Cérebro”. Para tornar estas ações efetivas, grandes investimentos foram feitos com o propósito de apoiar e estruturar grupos de estudo e de pesquisa, para a operacionalização de laboratórios específicos, a sistematização da distribuição de bolsas de estudo para a implementação de pesquisas doxcérebro.
Os resultados foram muito satisfatórios, e já a partir de 1995, multiplicavam-se os artigos, as revistas periódicas e uma série de livros, os quais descreviam os resultados de pesquisas, e igualmente apresentando uma nova concepção e visão de como-funciona-o-até-então-poucoxconhecidoxcérebro.
Alguns dos conhecimentos mais significativos provém dos recentes estudos sobre memória e aprendizado, juntamente com o mapeamento da área de emoções. Destes segmentos de conhecimento do cérebro, já podemos hoje tirar informações as quais simplesmente revolucionam a forma como uma empresa deve selecionar, treinar, motivar e organizar seu pessoal, de modo a criar condições as mais apropriadas para o aumento da satisfação e desempenhos pessoais, da liberação natural de Criatividade, maior desempenho na dinâmica do processo empresarial e obtençãoxdosx-melhoresxresultadosxnaxformaçãoxdexequipes.
A Criatividade é a mãe da Inovação!, e então, quando nos lembramos que: (1) a Inovação é feita por pessoas; ;
(2) que este fenômeno –a geração de Inovações- ocorre tão mais facilmente quanto mais,-motivadas,,.seguras.,estasxpessoasxsexsentirem;xe,
(3) que a Inovação surge, naturalmente, como resultado do estabelecimento e desenvolvimento contínuo de um ambiente “intra-emprendedor”, ou seja, onde há o adequado reconhecimento, a clara e fluída comunicação, o apoio individual não somente pelas chefias, mas principalmente pelos colegas de trabalho, ambiente físico amigável, e maior e contínuo estímulo, etc.. Feitas estas considerações é possível, concluir que para o adequado desenvolvimento do capital humano e ganho de eficiência nos processos relacionados à Inovação, é necessária a aplicação de conhecimentos básicos das Neurociências na seleção, no treinamento e no desenvolvimento pessoal, na criação de ambientes físicos amigáveis e de comunicação adequados, além do estabelecimento de novas formas de gestão para um ganho efetivo de qualidade nos processos internos e, não menos importante, no relacionamento,,diferenciado,com,parceiros,excompetidores.
Todos estes predicados ambientais tornam-se realidade com o apoio da Neurociência eximpulsionamxoxprocessoxcriativo-inovador.
3-Criatividade é usar o cérebro de um modo diferente do até hoje usado.
Quando buscamos desenvolver a nossa Criatividade, sabendo ser ela a mãe das Inovações, devemos nos esforçar para encontrar novos caminhos e diretrizes conceituais a respeito do mundo que nos cerca. Este esforço deve ter como base e fundamento, uma mente flexível sob o ponto de vista cognitivo o que nos permite e oportuniza, encontrar novos caminhos “que se escondem” entre as idéias e conceitosxporxnósxpraticadosxhoje.
O paradigma de que a Criatividade é gerada pelo lóbulo ou lado direto do cérebro, é um grande engano. Foi a Neurociência que derrubou este mito que já durava por mais de um século e meio. E mais ainda, para reforçar e ampliar o que afirma a Neurociência, a Criatividade é gerada a partir de um processo onde há uma combinação criativa de atividades e de diversas partes de todo o cérebro, como costumeiramente acontece. O cérebro ao desenvolver a Criatividade, age como um “sistema de criatividade”, onde se interconectam criativamente diversas partes deste, para gerar o que ainda não é “conhecido por este cérebro”. Deste modo, é importante reafirmar o seguinte fundamento da Neurociência: Que para gerar a Criatividade, o cérebro se comporta criativamente, desenvolvendo intercomunicações ou conexões entre suas partes para gerar este “algo inédito e inexistente”. A Criatividade vem do uso do cérebro de um modo diferente ou inédito, ou seja ela resulta de aproximadamente 100 trilhões de conexões.
Brincando com a Criatividade
Imagine uma fruta que não existe, na sua mão, por exemplo, uma laranja na sua mão esquerda. Indo mais adiante, imagine uma faca na sua mão direita. Com a laranja e a faca, imagine então a ação de descascar a laranja. Mesmo não existindo a laranja nem a faca, nos sentimos confortáveis para pensar e ver a ação de descascar a laranja. Esta imagem de faca e laranja habita e se fixa na nossa mente. Para avançar na compreensão da Neurociência, e sermos um pouco de Neurocientístas, imaginemos a ação de descascar a laranja. Imaginar esta ação não nos causa nenhuma dificuldade, pois no nosso dia-a-dia, já fizemos ou desenvolvemos várias vezes esta ação. A pergunta que fica é: De que é feita essa imagem?, Como ela se “sustenta” ou permanece na nossa mente?. A resposta e a explicação deste “fenômeno” é o grande desafio que os pesquisadores em Neurociência, os neurocientistas estão debruçados buscando o porque e do como estas coisas acontecem na nossa mente. A resposta ainda não existe, mas espera-se que ela não demore. O pensamento não é capturável, atualmente, mesmo com as mais avançadas e complexas máquinas apropriadas para estas ações, que são os tomógrafos utilizados para desenvolver diagnósticos médicos de altíssima precisão e resolutividade. Isto representa dizer que, mesmo com o avanço científico da medicina no campo do diagnóstico do cérebro, pensamentos e imagens não são captados pelas máquinas de ressonância magnética. Este evento ou fato descrito anteriormente, constitui-se no tema central das Neurociências. Para avançar e dar alguns passos neste tema tão desafiador “Neurociência-Criatividade-Inovação”, vamos nos valer da ajuda do pesquisador e cientista, o professor João de Fernandes Teixeira no seu livro “Mente, cérebro & cognição” o qual nos induz refletir profundamente sobre os temas Racionalidade” e “Criatividade”. Diz o renomado pesquisador-escritor: “O problema mente-cérebro nos coloca a pergunta se o mundo é composto somente de um tipo de substância -e essa substância seria física- ou se temos dois tipos de substâncias bem distintas: “Há uma realidade ou pelo menos duas? Se há duas realidades, um mundo da matéria e outro imaterial, de que lado devemosxsituarxasxMentes?”-perguntaxTeixeira.
Com base nestas colocações do pesquisador, um grande número de questionamentos podem ser apresentadas e colocadas na mesa das discussões. Um deles diz respeito ao fenômeno que é descrito pela situação: como, a partir de sinais elétricos, o cérebro passa aos pensamentos? Como estes podem alterar os próprios sinais elétricos do cérebro e influenciar nosso corpo a ponto até de gerarmos vários tipos de doenças e disfunções orgânicas?”. Existem ainda outras situações e acontecimentos necessariamente considerados a partir da idéia ou fundamento de que a racionalidade humana é essencialmente uma condição ou manifestação que representa integralmente, - é o reflexo direto- a estrutura neural do cérebro, em atividade, nos permitindo a utilização de dois recursos essenciais: a Memória e a Experiência, os quais são organizados pela linguagem, enquanto a que Criatividade é o resultado de um estado de espírito, ou uma condição mental subjetivamente inventiva. Isto representa dizer que a Inovação é o resultado da Criatividade a qual se manifestada por um estado de espírito evoluidor, empreendedor, aperfeiçoador e maisxainda,adisposto-a-correr-riscosadexeventuaisafracassos.
As conexões neuroniais acontecem com cada um dos nossos neurônios cerebrais recebendo a quantidade de dez mil estímulos oriundos de dez mil outros neurônios, tirando uma conclusão e a passando-adiante. Esse movimento contínuo de reações elétricas dentro do neurônio e química entre eles, proporciona a organização de informações de forma lógica; porém, a criatividade é uma irreverência nesse processo a partir de um sentimento abstrato de pensar alternativas, de imaginar o que nunca foi imaginado.A “fruta” que imaginamos pode passar a existir em nossas mentes tal qual os marcianos e os duendes. Frutos da nossa imaginação, esses “seres” ocupam um espaço indefinido no imaginário popular e representam os pensamentos criativos que habitam o mundo das idéias descrita por aquele que foi o primeiro-filósofo-e-dualista-conhecido:-Platão.
Se a racionalidade tem como base a estrutura do cérebro a partir dos recursos proporcionados pela configuração dos neurônios, a Criatividade por sua vez parece ser a versatilidade-mental de brincar com esses recursos para inventar o novo. Ou seja, usar o raciocínio é antes de tudo, uma capacidade inerente a todo e qualquer ser humano e por isso aprendemos a falar, escrever,e a realizar tarefas cotidianas continuamente e resolver problemas tais como: se necessito trocar uma lâmpada queimada, e verifico estar ela está alta demais, utilizo e valho-me de uma cadeira e após subir nela, realizo a troca tão desejada da lâmpada. Ninguém tolera a escuridão. -----------Não podemos porém, nos esquecer de que existe um significado volume de adversidades frente os quais o raciocínio organizado e a capacidade de pensar de forma madura se sente incapacitado de dar uma resposta inovadora e inéditas. Emerge então a desejada postura irreverente de, fugindo e se desviando da linearidade e de sequencialidade racional, identificar possibilidades diferenciadas, muitas vezes absurdas e fora do contexto da linearidade do pensamento existente, mas capazes de trazer consigo de modo inerente analogias e metáforas. .
Cabe a cada um que busca soluções ou então, avanços organizacionais, pensar naquilo classificado como impensável no plano mental!.
Finalizando, nosso cérebro tem a total condição e capacidade de manter arquivado e organizado todos os conteúdos que foram memorizados de maneira e modo seletivo pela vida inteira e, para poder realizar e implementar um padrão linear para usar a experiência e vivência, e mais ainda, demonstrar com evidências tangíveis, inteligência em aprender e organizar tarefas. Porém, é preciso desenvolver e implementar uma postura empreendedora para projetar alternativas, imaginar e até fantasiar situações -colocar em funcionamento a Criatividade-. Mais ainda, é preciso, geral e costumeiramente, contrariar a habitual e própria linearidade do cérebro - que teima em seguir este padrão já conhecido -, para dar forma e materialidade ao que não existe. Práticas de pensamento simultâneo e paralelo devem ser implementadas e praticadas com insistência até a sua consolidação. Estes são os desafios e as tarefas da Mente Criativa que está desenhada para o agora e consolidada no futuro imediato. Os gestores e os inovadores organizacionais deve ter pelo menos, no plano das ações humanas, a certeza da dualidade entre Raciocínio e Criatividade os quais devem ser cada vez mais Simultâneos.
A Simultaneidade no pensar, no planejar e no agir é a “prática esportiva” das organizações criativas e perenes.!
Referências-Bibliográficas:
-Revista-Scientific-American-no.49,
-Revista-Eletrônica-Temática,-s/no.,-da-Internet.
-Consultas à INTERNET
Quem viver, verá!
Eng. MSc. Fernando Oscar Geib