Inovação não precisa ser, necessariamente, disruptiva e revolucionária
O ato de inovar não precisa ser, obrigatoriamente, algo disruptivo e revolucionário. Pequenas mudanças, muitas vezes graduais, também configuram um processo inovador, desde que o resultado final represente um avanço — um benefício para o consumidor ou para o mercado. Essa é a avaliação de Cleber Prodanov, CEO da INOVATSI e ex-reitor da Universidade Feevale. Ele foi o palestrante do Webinar Empreendedorismo, realizado ontem, dia 7. O evento virtual foi promovido pelo Ministério da Cultura e pela Killing S.A. Tintas e Adesivos, com coordenação de Vinícius Tondin, CEO e fundador da Ousen Serviços de Marketing Digital e integrante do Comitê de Jovens Empreendedores da ACI, responsável pela iniciativa.
Segundo Prodanov, a inovação pressupõe interação. “Não se faz inovação sozinho, e é preciso ouvir o mercado”, argumentou. Na sua avaliação, muitos setores tradicionais correm o risco de ter seu futuro comprometido por não perceberem os ventos da mudança. “Um exemplo é o segmento de vinhos, cujo consumo vem caindo perigosamente em nível mundial. A nova geração aponta para formatos diferentes, com menos ou sem álcool, enquanto muitas marcas tradicionais resistem a essa mudança e acabarão sofrendo se não inovarem.”
Tondin complementou: “Precisamos nos adaptar — e as empresas também.” Prodanov reforçou a ideia com uma analogia: “Na natureza, quem sobrevive não é o mais forte, mas quem se adapta mais rapidamente.”
Ambiente favorável à criatividade
Questionado sobre como criar um ambiente favorável à inovação dentro de uma empresa, independentemente do porte ou segmento, Prodanov foi enfático: o primeiro passo é querer mudar e melhorar. Quando o líder adota essa filosofia, ela se espalha pela equipe e permeia toda a organização. “É acordar todos os dias e pensar: o que posso fazer diferente, melhor e mais rápido? E, principalmente, ouvir as sugestões das pessoas — por mais absurdas que pareçam num primeiro momento”, resumiu. Ele também defendeu mudanças de rotina e a busca por novos ambientes como formas de gerar novas perspectivas, fundamentais em contextos voltados à transformação.
Quanto à premiação de ideias inovadoras dentro das equipes, Prodanov se mostrou cético. “Não me agrada, e acho que pode gerar animosidade. Prefiro que quem propõe uma ideia realmente inovadora seja convidado a participar do projeto de implantação e tenha participação nos resultados. Isso engaja e valoriza quem teve a ideia e ajudou a executá-la”, refletiu.
Os pilares da inovação, segundo ele, são: competitividade, diferenciação no mercado, adaptação às mudanças, produtividade, atração de talentos, sustentabilidade, responsabilidade social e a alegria de fazer e viver.
Ele destacou que o mundo vive uma grande transformação, com o mercado mudando em velocidade exponencial, tecnologias emergentes e comportamentos de consumo reformulando setores e encurtando ciclos de negócios. “Inovar é gerar valor com ideias novas”, resumiu.
O especialista lembrou ainda que 99% das inovações são incrementais, ou seja, aprimoram algo que já existe e funciona. Apenas 1% são disruptivas. “Mas sempre devemos buscar esse 1%”, ressaltou.
Cases de sucesso e perspectivas de futuro
Prodanov citou e detalhou os cases de sucesso da Netflix, que transformou o modelo de distribuição de conteúdo; do iFood, que revolucionou o delivery; e da Magazine Luiza, referência em digitalização no varejo. Todos começaram de forma mais modesta e escalaram a níveis impressionantes.
Entre os obstáculos à inovação, destacou o medo do fracasso, o apego ao passado e a falta de visão ou conhecimento tecnológico.
Prodanov também abordou a importância do ócio criativo, momento dedicado à introspecção e à geração de novas ideias. “É preciso ter espaço para oxigenar nossas ideias. Eu penso muito quando estou no banho. Cada um tem seu momento, e isso precisa ser estimulado”, revelou. Tondin complementou: “Procuro tirar um dia por semana para trabalhar em home office, estudar e aprender coisas novas. Na empresa, buscamos sair do escritório e ir para lugares diferentes para nos inspirar.”
Prodanov alertou ainda para o risco do etarismo ao se buscar inovação apenas entre os jovens. “É preciso escolher as pessoas pelo perfil, não pela idade. Da mesma forma, o gênero não importa — o que vale é o perfil e a atitude”, enfatizou.
E como superar as barreiras à inovação? Para ele, é fundamental cultivar uma cultura de aprendizado contínuo, valorizar as pequenas inovações e aceitar o erro como parte do processo de aprendizado. “A inovação começa no topo, que deve remover barreiras, promover e inspirar a curiosidade pelo exemplo. É preciso ser curioso e empático — e sem mau humor. Tem que gerar felicidade”, afirmou.
Por fim, Prodanov destacou tendências para o futuro, como a sustentabilidade e os negócios com propósito, a personalização em massa e o uso de tecnologias de ponta, como a inteligência artificial generativa e o design inteligente. “Inovar é mudar a atitude, conspirar com o mundo a nosso favor, de forma criativa e positiva”, concluiu.
Livro Uma Trajetória Centenária de Valor - Pronac 232067
O webinar integra o projeto do livro que retrata os 102 anos da ACI (1920-2022), realizado através da Lei de Incentivo à Cultura.
Patrocínio máster: Killing S.A. Tintas e Adesivos
Patrocínio: Sinoscar
Copatrocínio: Box Print, BRDE, Conforto, Doctor Clin, Sicredi Pioneira, Unimed Vale do Sinos e Wirth
Realização: ACI, Simples Assim, Ministério da Cultura / Governo Federal