Governo do RS confirma construção da RS-010 e 23 pontos de pedágio na região
O governo do Rio Grande do Sul confirmou, ontem, 28, a construção da Rodovia do Progresso (RS-010). A estrada terá pista dupla, dois sentidos de circulação e 41,4 quilômetros de extensão entre o entroncamento com a BR-290, em Porto Alegre, e a RS-239, em Sapiranga, sendo uma alternativa à BR-116.
O projeto integra o Bloco 1 de concessões rodoviárias do Estado e prevê investimento estimado em R$ 600 milhões apenas nesta obra. Além da RS-010, o Bloco 1 é composto por trechos das estradas RS-020, RS-040, RS-115, RS-118, RS-235, RS-239, RS-466 e RS-474. Ao todo, serão 454 quilômetros concedidos à iniciativa privada - incluindo a nova rodovia.
O Bloco 1 terá investimento de R$ 6,41 bilhões ao longo dos 30 anos da concessão. Nos primeiros dez anos, os recursos aportados serão de R$ 4,86 bilhões. O governo do Estado irá investir R$ 1,5 bilhão, via Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). Estão previstos 213,7 quilômetros de duplicações, 12,5 quilômetros de terceiras faixas e 21,7 quilômetros de faixa adicionais. Além disso, serão 363,4 quilômetros de acostamentos, 88,48 quilômetros de marginais e 31 passarelas para pedestres. Visando agilizar o processo, o governo do Estado vai encaminhar o projeto para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ainda nesta semana. O objetivo é evitar possível atraso no cronograma.
Alternativa à BR-116
A nova estrada surge como rota alternativa à BR-116 e visa desafogar o tráfego da região metropolitana, com traçado projetado em cota mais elevada do que a RS-020, garantindo operação mesmo em eventos extremos de cheias como as registradas em 2024. A 010 deverá ter três pontos de cobrança automática de pedágio, localizadas em Cachoeirinha (R$ 3,22), Sapucaia do Sul (R$ 4,06) e Campo Bom (R$ 4,13). As obras devem começar até 2030, após os processos de publicação de edital, leilão, homologação da licitação e assinatura do contrato com a concessionária em 2026. A entrega da 010 será feita por etapas entre 2033 e 2035.
Free flow de Porto Alegre a Gramado deve custar R$ 25
Segundo estimativas do governo, uma viagem entre Porto Alegre e Gramado pode exigir mais de 25 reais em pedágios com a nova concessão - atualmente custa R$ 7,10 pela RS-235 e R$ 10,35 indo pelas RS-239 e RS-115. Já o trajeto de Novo Hamburgo a Taquara, que terá cinco pórticos instalados na RS-239, totalizará R$ 14,84 - atualmente custa R$ 3,25. Os valores são iniciais com base no aporte de R$ 1,5 bilhão do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). Sem esse aporte, os custos seriam ainda maiores. No entanto, eles podem ser reduzidos após o leilão da concessão.
Cobrança automática Região Metropolitana e os Vales do Sinos, Paranhana e Hortênsias terão uma mudança significativa na cobrança de pedágios nos próximos anos. O modelo atual com seis praças de pedágio dará lugar a 23 pontos de cobrança automática pelo sistema free flow. Pela proposta apresentada, a cobrança será calculada por trecho percorrido, com valor estimado em R$ 0,21 por km - mais caro que no Bloco 2. O sistema funcionará por pórticos instalados nas rodovias, sem necessidade de cancelas. A identificação do veículo será feita por tag ou leitura automática da placa. Segundo os valores apresentados pelo governo do Estado, as tarifas no Bloco 1 vão variar inicialmente entre R$ 2,08 e R$ 6,96 – depois podem ser reduzidas no leilão –, dependendo do trecho percorrido.
Começo da concessão
A fase de consulta pública para definir os parâmetros do edital começa nesta quarta-feira (29), para lançamento de edital e assinatura de contrato no final de 2026, iniciando a concessão em 2027. No primeiro ano da concessão, os atuais pedágios continuam operando normalmente, com tarifa padrão de R$ 6,30. Somente a partir do segundo ano entram em operação os 23 pórticos de free flow. Este período de transição servirá para instalação de infraestrutura tecnológica e sistemas de cobrança digital. Serão 30 anos de concessão.
Mais investimento
Em coletiva de imprensa onde detalhou as concessões, o governador Eduardo Leite reforçou a importância do investimento privado. “Teremos mais agilidade, manutenção permanente e desenvolvimento econômico. Nunca na história do Rio Grande do Sul tivemos um investimento desse tamanho em estradas.” Na região, além da RS-010, são destacadas a RS-239, RS-115 e RS-235, utilizadas especialmente para acessar o Vale do Paranhana e a Serra. As duplicações na RS-115 e RS-235 são consideradas demandas históricas da comunidade. Há ainda a RS-020, entre Gravataí e São Francisco de Paula, passando por Taquara e Igrejinha. A RS-474 em Rolante e Santo Antônio da Patrulha e a RS-466 em Gramado. O trecho da RS-239, entre Novo Hamburgo e Campo Bom, que dará acesso à RS-010, será o único a receber uma terceira faixa adicional. Titular da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, salientou que uma série de reuniões já estão marcadas em municípios com estradas incluídas no Bloco 1. “Isso vai possibilitar que sejam feitas eventuais adequações.”
Fonte: Jornal NH, edição 29.10.2025, página 04. Autores: Dário Gonçalves e Juliano Piasentin