Crítica à política externa do governo brasileiro e alerta de urgência de reação à nova taxação dos EUA

Por ACI: 15/07/2025

A recente imposição de tarifas adicionais sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, na monta de 50% (cinquenta por cento), evidencia problemas na formatação da atual política externa do governo brasileiro. É evidente a falta de um modelo ideal e diplomático, comprometendo a manutenção de alianças estratégicas que, historicamente, sempre foram vitais para o Brasil — especialmente com países que figuram entre os nossos principais parceiros comerciais, como é o caso dos EUA.

Ao longo dos últimos anos, tem-se observado um esvaziamento da diplomacia pragmática e profissional, substituída por discursos retóricos e posturas ideológicas que, longe de aproximar, têm isolado o Brasil em foros multilaterais e comprometido relações bilaterais de alto valor estratégico. O resultado é concreto: perda de competitividade internacional, perda de mercados e redução da previsibilidade nas relações comerciais.

É imperativo que o governo brasileiro, por meio de uma diplomacia técnica, ativa e altiva — no sentido verdadeiro do termo —, reverta com urgência as medidas tarifárias impostas pelos EUA. Isso deve ser feito por meio do canal diplomático, com negociações diretas, recurso aos órgãos multilaterais competentes e, sobretudo, com uma postura de seriedade e confiança internacional. Não se trata apenas de proteger setores produtivos, mas de preservar a credibilidade do Brasil como parceiro comercial confiável.

Canadá, China, México, dentre outros países — inclusive da União Europeia — foram sobretaxados e costuraram, junto ao governo Trump, reduções consideráveis nas tarifas impostas, inclusive de 0% (zero por cento) para a ampla maioria de suas exportações aos EUA. Dessa forma, resta evidente que o governo norte-americano tem total capacidade de diálogo e solução diplomática para a questão ora enfrentada pelo Brasil.

Repetir a fórmula dos países acima descritos não é nenhum disparate, considerando que os brasileiros e brasileiras, empresários(as) e trabalhadores(as), estudantes e aposentados(as), não podem ter seus futuros jogados à sorte de uma guerra ideológica descabida.

Ao mesmo tempo, é injustificável que, em meio a esse cenário, o governo insista em ampliar a carga tributária interna. A recente polêmica referente ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um exemplo claro de como o Estado, em vez de aliviar o setor produtivo, termina por asfixiá-lo. O ajuste fiscal, que é necessário, não pode sintetizar o velho pragmatismo de “abrir as torneiras públicas” e cobrar a conta, novamente, de quem produz e exporta — especialmente em um momento em que nossos exportadores enfrentam novas barreiras no exterior.

É imperiosa a urgência para que o governo apresente um pacote de medidas mitigatórias para as empresas que serão diretamente afetadas pela nova taxação dos EUA. Algumas dessas medidas podem e devem incluir:

• Isenção de encargos sobre a folha de pagamento para empresas exportadoras atingidas, como forma de preservar empregos;
• Crédito fiscal ampliado para compensação de perdas com tarifas internacionais das empresas que detenham créditos a compensar;
• Linhas de crédito subsidiadas via BNDES e Banco do Brasil para compensar os impactos financeiros da perda de margem comercial;
• Redução da burocracia alfandegária e facilitação logística para baratear custos indiretos de exportação;
• Criação de um fundo emergencial de apoio à exportação, voltado a empresas de pequeno e médio porte que perderão competitividade;
• Reintegra ampliado, devolvendo créditos tributários acumulados com mais agilidade;
• Política cambial coordenada, que possa, sem artificialismos, compensar parcialmente as perdas com desvalorização controlada.

O Brasil precisa reagir com firmeza, mas também com inteligência e diplomacia. Perder um mercado como os Estados Unidos não é apenas um revés econômico — é um erro estratégico de grandes proporções.

A reconstrução da política externa brasileira deve começar agora, com responsabilidade fiscal, mas também com compromisso com a competitividade, a previsibilidade e o crescimento sustentável.

Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha e Ivoti

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