Casa cheia para assistir ao Workshop Governança que Transforma, focado em empresas familiares

Por ACI: 07/05/2025

O auditório da ACI ficou lotado por uma plateia atenta e altamente qualificada, ontem, dia 6 de maio. Mais de 120 pessoas tiveram a oportunidade de assistir uma verdadeira aula com especialistas durante a realização do Workshop Governança que Transforma. Com foco na gestão de empresas familiares, o evento abordou temas relevantes, como sucessão, conselhos de administração, inovação e boas práticas de governança corporativa.

Na abertura, a presidente em exercício da ACI, Maria Cristina Bohnenberger, elogiou a adesão ao evento por parte dos empreendedores e destacou a qualidade e experiência do time de painelistas. "Fica claro que o tema governança está reverberando na região. Prova disso é esse auditório lotado numa terça à tarde", ressaltou Maria Cristina, que também é a vice-presidente do Comitê de Governança e Planejamento, responsável pelo evento.

Em seguida, Miguel Vieira, também integrante do comitê, destacou a importância do assunto. "Apenas 15% das empresas chegam à terceira geração, em nível global. Precisamos quebrar essa estatística, e isso passa por boas práticas, como criação de conselhos e acordos societários adequados", enfatizou. Na oportunidade, foi feito o lançamento oficial da Cartilha Boas Práticas de Governança Corporativa, elaborada com base em informações já consolidadas e dados fornecidos por empresas da região. Saiba mais clicando AQUI.

Pioneirismo em spa

O ciclo de palestras começou com Rochele Silveira, sócia-diretora e integrante da segunda geração do Kurotel - Spa Médico. Ela apresentou a palestra "Crescer sem perder a essência: A trajetória do Kurotel e a importância da governança corporativa". Criado em 1982, o empreendimento foi pioneiro no Brasil no conceito de spa, contemplando o método Kur (cura, em alemão), que se baseia na prevenção e se resume a atender para entender, avaliar para orientar, vivenciar para transformar e acompanhar para manter.

Fundada por seus pais, o Dr. Luís Carlos Silveira e Neusa Silveira, o Kurotel aceitou, em 2011, o desafio de estruturar a governança familiar já visando a sucessão e baseado em três pilares: família, negócio e propriedade.  Para isso, valeu-se de um processo de coaching, o que resultou num estatuto e código de ética, com regras claras para garantir a continuidade dos negócios e a harmonia na família. Rochele afirmou que o planejamento é revisado a cada dois anos e também em momentos de exceção, como a pandemia e a enchente de 2024, e que hoje a empresa conta com três conselhos, sendo um consultivo, um de sócios e um da família. "No consultivo, é essencial ter pessoas com valências distintas e complementares", reforçou.

Sem confraria de amigos

Na sequência, foi a vez de José Galló, ex-CEO da Lojas Renner e fundador da Quartz Investimentos. Ele abordou a "A importância de um conselho". Galló iniciou a apresentação falando da experiência de participar de conselhos de grandes empresas, como Azaleia, Itaú e Localiza, entre outras. "O mais importante é que um conselho não vire uma confraria de amigos. É preciso que os integrantes sejam qualificados e falem o que precisa ser dito, mesmo que não agrade o comando da empresa", alertou. Sobre sua experiência na trajetória de sucesso da Renner, Galló afirmou categoricamente que isso só foi possível porque teve apoio incondicional dos outros conselheiros e da direção da empresa, determinada a crescer e equacionar questões familiares que poderiam atrapalhar esse processo.

"Também acesso a informações confiáveis e antecipadas, garantem uma boa performance de um conselho", complementou. Galló afirmou que, muitas vezes, são problemas nas relações familiares o entrave mais grave, até mesmo do que questões de mercado. Ele complementou afirmando que falta de estratégia e ausência de governança são dois dos maiores problemas das empresas. Ao ser perguntado sobre como enfrentar crises, o gestor surpreendeu ao dizer que gosta desses momentos. "As crises são oportunidades de juntar as pessoas e fazer mudanças necessárias mais rapidamente", explicou.

Empresas familiares são mais rentáveis

"A importância dos conselhos de administração e o papel dos conselheiros" foi a palestra proferida por João Bosco Silva, sócio e consultor sênior da Cambridge Family Enterprise Group Brasil, empresa especializada em assessorar empresas familiares, que atua em 70 países e foi fundada há 35 anos pelo professor de Harvard John Davis. A Cambridge atua em consultoria, educação e soluções financeiras. Segundo João Bosco, as empresas familiares são responsáveis por 70% do PIB mundial e metade do brasileiro. "Estima-se em US$ 70 trilhões o valor gerado anualmente por estas empresas, que respondem por 60% dos empregos no mundo e de 75% no Brasil", informou. Conforme o especialista, um estudo com 1.200 empresas, ao longo de 20, apontou que as empresas familiares geram melhores resultados a longo prazo. "Nós mapeamos o desafio da família empresa com entrevistas individuais e estudos e oferecemos soluções customizadas", detalha.

Um dos insight de João Bosco trata-se da necessidade de aumentar os ativos da família ao longo do tempo, pois os acionistas/herdeiros serão em número maior. "Ao mesmo tempo, é preciso buscar talentos familiares e não familiares e manter a união da família e da organização", completou. Ele sugeriu um conselho da família, um conselho de sócios e um conselho de administração. "Conselho de administração precisa sempre ser em número ímpar, para desempatar eventuais votações. Eles dão qualidade às decisões, formulam estratégia de crescimento, revisam portifólio para criação do valor, identificam sinais de mudança e definem alinhamento de visão de futuro. Precisa haver composição equilibrada, clareza dos papéis e responsabilidade de cada um, além de dinâmicas, processos e estruturas eficientes, tudo isso aliado a informação acessível e de qualidade", conclui.

Equilíbrio entre família e empresa

Encerrando os trabalhos, Cristine Grings Nogueira, CEO da Piccadilly Company, apresentou a palestra com o tema "Implementando a governança para perpetuar o negócio". Primeira mulher a assumir como CEO de uma grande empresa calçadista no Brasil, Cristine afirmou que os desafios para a transição da dentro da Piccadilly foram enormes, mas superados com muito trabalho e diálogo. Completando 70 anos em 2025, a Piccadilly conta duas unidades fabris, sede corporativa e Centro de Distribuição, todos no Rio Grande do Sul. São cerca de 2,5 mil colaboradores, responsáveis por produzir aproximadamente 40 mil pares ao dia. Pioneira e líder em conforto no Brasil, os artigos da marca estão presentes em mais de 21 mil pontos de venda no Brasil e no mundo. Cerca de 35% do faturamento é oriundo das exportações. "Estamos presentes em mais de 100 países, sempre com nossa própria marca", orgulha-se Cristine.

Sustentabilidade e cuidado com o ser humano são dois outros pilares da Picccadilly, segundo a CEO. Ela lembra a adoção da governança iniciou-se em 2013, após um problema familiar que impactou nos negócios. Amparados por profissionais qualificados, a indústria evolui seus processos e, em 2015, deu start ao plano de sucessão "Foi justamente no ano de grande crise política e econômica no Brasil. Foi um momento desafiador, mas sabemos que mar calmo não forma bons marinheiros", ponderou Cristine. A empresa passou de uma realidade em que todos os 14 acionistas eram diretores, em 2012, para o cenário atual em que há 12 acionistas, quatro diretores familiares e dois diretores de mercado. "Nossa intenção é ter ainda mais diretores de mercado", revela.

Cristine explica que a indústria contra com um conselho de sócios, um conselho de família e um conselho consultivo de administração, com membros de fora da família, incumbidos de cobrar e apoiar a gestão, manter um olhar estratégico sobre o momento e as novas oportunidades, além de garantir a preservação dos valores e cuidados com as pessoas. A visão da Piccadilly compreende honrar o passado, lembrando que seus valores são sua essência; e inovar no mundo, lendo o mercado e respondendo com transformação e velocidade. "Temos certeza de que o que nos permitiu chegar aos 70 anos não é o que nos fará chegar aos 100", concluiu.

Patrocínio: Sicredi Pioneira, Estrelatur, Visa Eventos, Nebraska Capital, Exatus Contabilidade e Lauermann Schneider

Apoio: Nexo Governança Corporativa

 

 

 

 

 

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