Assembleia do RS aceita recurso e projeto contra o corte de incentivos fiscais volta à CCJ

Por ACI: 27/03/2024
Foto: Raul Pereira/ALRS

A Assembleia Legislativa aprovou, em movimento inédito, o recurso que previa a legalidade do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que susta o corte de incentivos fiscais decretados pelo governo. A votação, que resultou em empate, 23 contrários e 23 favoráveis, foi decidida em voto de minerva do vice-presidente da Casa, Paparico Bacchi (PL), que comandava a sessão. O deputado é um dos signatários de um dos projetos e presidia a sessão na ausência do presidente Adolfo Brito (PP), que estava em Brasília, acompanhando o governador Eduardo Leite (PSDB).

Agora, o PDL retorna à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que irá notificar o governador, que deverá responder em 10 dias à Casa. Com isso, a comissão deverá elaborar novo parecer a ser julgado. Apesar disso, o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha Costa, já havia externalizado que, se aprovado o recurso, entraria na justiça para sustar a decisão.

Na prática, ainda que siga, o tramite do PDL irá ultrapassar a data para vigência dos decretos, que passam a valer a partir da próxima segunda-feira, 1º de abril. Recentemente, o Tribunal de Justiça (TJRS) derrubou uma liminar que barrava o ajuste tributário sobre o pão francês. O entendimento era de que a decisão não ultrapassava o poder do Executivo.

Galerias lotadas e críticas aos decretos

No entanto, a aprovação é uma vitória da oposição, da esquerda à direita, que uniu-se em movimento para tentar barrar os decretos. As galerias estiveram lotadas e representantes de 17 entidades do comércio e da indústria acompanharam a votação. O recurso do PDL do PT não foi analisado.

Desde o anúncio dos decretos, os setores têm se mobilizado contra a medida. Vice-presidente da Federasul, Rafael Goelzer fez um apelo aos deputados, antes e depois da sessão, para que se mantivesse a discussão dentro do Parlamento. Ao governador, afirmou que "não é demérito rever uma decisão equivocada" e que não há "como defender o indefensável".

Antes de votar, Paparico já havia deixado os trabalhos para ir à tribuna defender o recurso. Após a votação, classificou o dia como "histórico". "Essa retirada dos decretos é muito grave para o Rio Grande do Sul", afirmou, alegando ainda que o governador tem mostrado "pouco apetite" para o debate.

 

 

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