ACI pleiteia voto contrário ao reajuste de 16% do mínimo, mas à tarde Assembleia aprova
Por ACI: 02/12/2014
Novo Hamburgo/RS - A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha entregou, na terça-feira (02), aos deputados estaduais, sua posição referente a proposta do governador do RS, Tarso Genro, de aumento de 16% no salário mínimo regional, considerando a prospecção de 2015 com uma projeção inflacionária de 6,5%. O diretor de Relações Institucional da ACI, Marco Aurélio Kirsch, esteve na Assembleia Legislativa, mantendo contato com os representantes do Legislativo e pleiteando voto contrário. Anteriormente, na primeira votação do Projeto, a ACI também já havia se manifestado, numa ação que buscava a rejeição na votação, apresentando os argumentos que foram reafirmados neste novo pleito. Entretanto, a votação se mostrou favorável pelos deputados presentes na sessão, ao reajuste proposto.
"Tal proposta de aumento é irresponsável, desproporcional e comprometedora. Fossem os aumentos de salários os indutores isolados no crescimento econômico, bastaria aos patrões e governantes a escolha dos mais altos índices para assegurar uma vida melhor e mais próspera a todos os trabalhadores. Não haveria um só resistente a esta ideia. Um único voto contrário. E tudo seria simples, como o Projeto encaminhado pelo governador. Mas, em contraponto a este mundo ideal, a economia do mundo real não pode prescindir para a sua compreensão de fatores de grande peso econômico, como a produtividade, a realidade da inflação, a formalização dos empregos, o mercado de negócios e a previsibilidade jurídica com regras e com respeito aos investidores e empregadores", destaca a carta.
A ACI também coloca que, "não bastasse criar um clima inflacionário sobre os salários do setor privado, o Projeto deixa um legado negativo para os resultados econômicos do RS, com reflexos diretos sobre o novo Governo que assume no dia 1º de janeiro de 2015".
APROVADO - Durante a tarde de terça-feira, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto de lei que reajusta em 16% o salário mínimo regional a partir de fevereiro de 2015. Dos 41 deputados estaduais presentes na sessão plenária, 41 votaram a favor do projeto, enquanto um parlamentar se absteve. Agora, o mínimo regional passa de R$ 868,00 para R$ 1.006,88 na primeira faixa, enquanto na quinta faixa, será de R$ 1.276,00.
"Mais uma decepção de quem deveria nos representar na Assembleia Legislativa. Mostra que os nobres deputados não conhecem a realidade de quem produz neste Estado", sintetizou o presidente da ACI, Marcelo Clark Alves, logo após o resultado da votação.
Acesse aqui a carta enviada aos Deputados Estaduais
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A bomba de efeito retardado antes de apagar a luz
A proposta referente ao reajuste do salário mínimo regional, encaminhada à Assembleia Legislativa pelo Governador nesta semana, abre espaço para duas interpretações: a do desconhecimento do que seja a realidade econômica gaúcha ou a vocação generosa para deixar como legado ao seu sucessor e ao povo gaúcho um reluzente Cavalo de Troia.
Em respeito a formação acadêmica e a biografia do ilustre Governador, prefiro apostar na segunda possibilidade. Afinal, um reajuste da ordem de 16% frente à projeção oficial do Governo Federal, de inflação da ordem de 6% para o ano de 2015, enseja diversas ponderações sob o holofote sindical, mas vai em ordem contrária à realidade econômica do país.
Ou não vai?
O Brasil e o Rio Grande do Sul atravessam um momento muito delicado, com uma taxa de crescimento do PIB em 2014 abaixo de 1% e aqueles que conhecem um pouco de economia sabem que é descabido alavancar o crescimento econômico com o simples reajuste de salários. Se assim não fosse, a economia teria um remédio pronto a cada nova situação. Recessão? Subam os salários. Mercado deprimido? Aumentem os índices de remuneração!
O que precisamos é de segurança jurídica, mais formalização de empregos, investimentos em produtividade, atratividade para os negócios e menos intervenção estatal para trabalharmos, investirmos e fazermos crescer este Estado.
Bombas de efeito retardado que visam minar o Governo de um sucessor que lhe venceu democraticamente nas urnas causam apenas constrangimento e vão na via contrária da construção de um perfil de estadista.
Afinal, o que todos precisamos são planos de Estado, e não de apenas um Governo.
Me surpreende que o governador eleito não se posicione ou se manifeste contrário ao índice, ele que em nenhum momento foi populista para vencer a eleição e sabe que esta conta será muita cara para ele pagar.
Marcelo Clark Alves
Presidente da ACI-NH/CB/EV
De Zotti - Assessoria de Imprensa
Em 02/12/2014