A grandiosidade dos números da Sabesp
Cerca de 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água, 25,2 milhões de pessoas atendidas com coleta de esgotos e responsável por cerca de 30% do investimento em saneamento básico feito no Brasil. Os números são alguns indicadores da grandiosidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que recebeu a visita de um grupo de profissionais ligados à ACI e a empresas associadas na semana passada.
A Sabesp é uma sociedade anônima de economia mista fundada em 1973 e atualmente é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto de 375 municípios do Estado de São Paulo. É considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida.
Para o período 2023-2027, a empresa planeja investir aproximadamente R$ 26,2 bilhões, com foco na ampliação da disponibilidade e segurança hídrica, sem prejuízo dos avanços conquistados nos índices de coleta e tratamento de esgotos. Em parceria com empresas privadas, a companhia também presta serviços de água e esgoto em outros quatro municípios: Mogi-Mirim, Castilho, Andradina e Mairinque.
A Unidade de Negócios Metropolitana Oeste, a primeira da Sabesp a chegar ao topo do Prêmio Nacional de Qualidade de Saneamento, foi a escolhida para visitação. A superintendente Eliana Ramos Ruffo deu as boas-vindas e Rosana Shinzato Sakimoto e sua equipe abordaram a aplicação de metodologias ágeis para aperfeiçoamento da gestão.
Na apresentação institucional, foram informados alguns números da unidade: área de 1.018 Km², população de 3,5 milhões de pessoas, 995 mil ligações de água, 783 mil ligações de esgoto, 9.078 Km de redes de água, 5.265 Km de redes de esgoto, 644 funcionários (dos quais em torno de 40 são gerentes) e mais de mil terceirizados.
Modelos de gestão
A unidade utiliza diversos modelos de gestão, tais como Modelo de Excelência em Gestão do Saneamento Ambiental (MEGSA), Gestão de Valor Agregado (GVA), Modelo de Excelência da Gestão (MEG) e ISO 9001, ISO 45001 e ISO 55001. E está organizada através de princípios organizacionais como missão, visão e valores, que abastecem o comprometimento da liderança, a governança corporativa e a cultura organizacional.
A evolução da maturidade da gestão e os ciclos de avaliação realizados desde 2001 levaram à conquista de diversos prêmios. Em 2022, foi feita somente a autoavaliação interna, em que os avaliadores tendem a ser mais críticos. A gestão das partes interessadas inicia-se com a identificação das mesmas através de brainstorm com os gerentes; priorização, com metodologia de impacto e pontuações; identificação das necessidades e expectativas; transformação em requisitos mensuráveis; e acompanhamento por indicadores.
Planejamento operacional
O planejamento operacional da unidade possui como entradas, o aprendizado do ciclo anterior; análise dos ambientes; resultados da pesquisa de clima e engajamento; plano de mudança – Formare; gestão das partes interessadas e redes; ativos intangíveis e competências essenciais; riscos. Etapa 1 – Revisão das estratégias: Definição da Matriz SWOT; definição dos objetivos operacionais, indicadores e metas; identificação dos referenciais comparativos. Etapa 2 – Implementação das estratégias: Desdobramento dos objetivos operacionais e objetivos de GA; definição dos AMPs; Etapa 3 – Análise de desempenho: Atualização do Painel de Bordo; Reuniões de Análise de Desempenho. A comunicação das estratégicas ocorre com padrão visual e cartazes. E, para o engajamento, há o dia do Envolvimento e o Dia do Compromisso.
Princípios organizacionais
Missão: prestar serviços de saneamento, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.
Visão: ser referência mundial na prestação de serviços de saneamento, de forma sustentável, competitiva e inovadora, com foco no cliente.
Valores: respeito a sociedade e ao cliente; respeito ao meio ambiente; respeito às pessoas; integridade; competência; e cidadania.
Visão da Unidade MO 2023-2025, que se relaciona à cultura da empresa: ser uma unidade de negócio referência na Sabesp em eficiência operacional, inovação e sustentabilidade, com atuação inclusiva, atendimento às expectativas dos clientes e alcance dos resultados empresariais.
Os anfitriões citaram os objetivos operacionais e macroações, que ficam em volta dos três pilares do planejamento estratégico (geração de valor, foco no cliente e excelência operacional), e as diretrizes e objetivos da gestão de ativos. Demonstraram o acompanhamento dos planos de ação. A análise de desempenho é realizada através de reuniões com os três níveis de hierarquia. O painel de bordo, desenvolvido internamente, auxilia no controle de indicadores. Ao serem questionados sobre interferências, retornaram que pouco ocorrem, já que tendo as ações na B3 e de Nova York (Nyse) seguem regras fortes. Sobre os indicadores, é possível acessar o gráfico, os dados, as análises e as influências. O índice de perdas aparentes é 38% e a perda real é de 62%.
Juliana Fernandes Eichstadt, gerente de Planejamento, Qualidade e Gestão, respondeu a questionamentos do grupo. Referente às secas, lembrou que a pior foi em 2014, quando o Sistema Cantareira foi o mais afetado. No momento, já está 78% do que era. Desta forma, a captação está cada vez mais distante, agora em São Lourenço. O grupo de visita elogiou a presença de mulheres da gestão: das 15 superintendências, 1/3 são mulheres. E a unidade também está trabalhando a diversidade e inclusão de forma natural.
Projetos em destaque
Nilton Rosa e Vanessa Raquel Urbano Machado, Supervisora Central de Operação de Distribuição, apresentaram o centro de monitoramento dos ativos e os painéis de controle. Elide Patella, responsável pelo departamento de engenharia, também esclareceu dúvidas e comentou sobre dois projetos:
O Programa Água Legal é uma iniciativa da Sabesp para a regularização do abastecimento de água em regiões de alta vulnerabilidade social, onde normalmente o abastecimento é precário, efetuado de forma irregular e por tubulações improvisadas e sujeitas à contaminação. O propósito é levar saúde e qualidade de vida para a população, preservar os recursos hídricos e promover a sustentabilidade urbana.
O Se Liga na Rede é adotado nos casos em que a residência fica em uma rua que já têm rede coletora instalada, mas o cliente não tem condições de fazer a reforma interna necessária à ligação do imóvel à rede. Com a assinatura do termo de adesão, o imóvel é fotografado e a obra é agendada e executada. Ao final, a casa é entregue para família em condições iguais ou melhores.
Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri
Após, o grupo visitou a Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri, a maior da América Latina. Everton Araújo de Souza e a bióloga Mariana Garroux Montezuma explicaram os processos envolvidos na estação. Dentro do imóvel, a água, após ser utilizada, passa pelos encanamentos internos e cai em caixas de concreto e/ou inspeção. Depois, segue até as ruas, onde encontra as redes coletoras. Esse esgoto chega, então, em tubulações de grande porte, conhecidas como coletores-tronco e interceptores, que o transportam até uma estação para que passem por todo o processo de tratamento para a retirada de poluentes, antes de essa água ser devolvida aos cursos d' água.
Na Região Metropolitana de São Paulo, o método utilizado nas grandes estações de tratamento é por lodos ativados, onde há uma fase líquida e outra sólida. O trabalho consiste num sistema no qual uma massa biológica cresce, forma flocos e é continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica sempre com a presença de oxigênio (aeróbio).
O processo é estritamente biológico e aeróbio, no qual o esgoto bruto e o lodo ativado são misturados, agitados e aerados em unidades conhecidas como tanques de aeração. Após este procedimento, o lodo é enviado para o decantador secundário, onde a parte sólida é separada do esgoto tratado. O lodo sedimentado retorna ao tanque de aeração ou é retirado para tratamento específico. A Sabesp iniciou de forma pioneira a prática de produção de água de reúso a partir de 1998, com a transformação da Estação de Tratamento de Esgotos convencional, ETE Jesus Netto, em uma estação para produção de água de reúso.
Atualmente são produzidos, em média, 502 litros de água por segundo para fornecimento externo ou uso interno da Sabesp nas estações Jesus Netto, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC, por meio do Aquapolo Ambiental. O empreendimento, parceria da Sabesp com o setor privado, utiliza os esgotos tratados da estação de tratamento ABC e, após processo adicional, produz água de reúso customizada para utilização no Polo Petroquímico da Região do Grande ABC, que é transportada por uma rede de aproximadamente 17 km.
