Saúde mental e desenvolvimento da liderança desafiam empresas
Desenvolvimento e capacitação da liderança, cultura organizacional, engajamento de pessoas, saúde mental e experiência do colaborador são as prioridades das empresas na área de gestão de pessoas em 2024. Além destas, também destacam-se a atenção às novas políticas e aos novos formatos de trabalho e à digitalização de processos e ferramentas de RH.
Os dados fazem parte de um estudo apresentado por André Bersano, diretor regional do Great Place to Work (GPTW) e da Great People Consulting Rio Grande do Sul, em palestra na ACI, nesta segunda-feira, 30 de setembro. O evento teve como moderadoras Sandra Lissot, gerente de gestão de pessoas da Unisinos e integrante do Comitê de Recursos Humanos da ACI, e Reni Lucia Finger, gerente de recursos humanos da Killing e também integrante do CRERH.
A cada fim de ano, o GPTW identifica, junto às lideranças das principais empresas e a profissionais de RH, as tendências em gestão de pessoas para o ano seguinte e as divulga. Para a edição de 2024, foram consultadas 2 mil pessoas no RS, ligadas a empresas de 22 setores, entre eles tecnologia, serviços e indústria.
Conforme Bersano, 70,4% das empresas percebem melhorias nas oportunidades de negócios este ano, percentual ligeiramente maior que o de 2023, mas menor que os dos anos anteriores. O levantamento também indica que 47,5% pretendem aumentar o número de pessoas empregadas, e as áreas principais áreas são suporte/operação, relacionamento e vendas e tecnologia. “Mas 56,4% das empresas têm dificuldades para preencher vagas em aberto, especialmente pela falta de profissionais com qualificação para o cargo e de comprometimento de candidatos no processo seletivo”, disse. Em relação ao faturamento, depois de faturar mais em 2023, a maioria das empresas (70,1%) pretende ampliar a receita em 2024.
Diversidade e inclusão
Conforme Bersano, 66,8% das empresas consideram a diversidade e inclusão uma pauta estratégica, mas na pesquisa de 2024 o indicador de baixa maturidade em relação ao tema aumentou 2,6%, o de média maturidade manteve-se estável em 37,6% e o de alta maturidade baixou 2,5%. Em relação aos principais desafios de D&I, são citados o engajamento da liderança, a dificuldade de encontrar talentos de grupos minoritários e a necessidade de tornar os processos de recrutamento e seleção mais inclusivos.
Saúde mental
Conforme o estudo, 98,6% das empresas consideram a saúde mental/emocional um ponto relevante para a gestão de pessoas, mas 52,6% das empresas dizem não ter orçamento direcionado para ações voltadas à saúde mental/emocional dos colaboradores. “As principais ações adotadas em prol da saúde mental são palestras e rodas de conversa sobre o tema, treinamento de lideranças e terapia online como benefício. Tratar a saúde mental deve ser uma questão cultural e um trabalho diário, envolvendo especialmente as lideranças”, explicou.
O levantamento mostra que, em 2021, a saúde mental não estava entre as preocupações de gestão de pessoas, em 2022 já ocupava a terceira posição e, em 2023, chegou à primeira posição. Nos três anos, a comunicação interna manteve o segundo lugar entre os desafios dos gestores de recursos humanos, enquanto desenvolvimento/capacitação de lideranças, que estava em terceiro lugar em 2021 e não era citado em 2022, voltou a aparecer entre as prioridades de 2023.
Desenvolvimento de pessoas
A identificação de existência de lacuna no desenvolvimento de habilidades e competências dos colaboradores é destacada pelas empresas. 42,5% afirmam que são principalmente habilidades comportamentais (soft skills) e 42,2% que são tanto habilidades técnicas quanto comportamentais. “Dentre as habilidades consideradas mais importantes, hoje as principais são capacidade de resolver problemas complexos, capacidade de liderar e influenciar, resiliência, conhecimento do negócio e pensamento analítico”, detalhou André Bersano.
Liderança
As empresas participantes do estudo também disseram que pretendem investir no desenvolvimento de lideranças e as características mais valorizadas são empatia e gestão humanizada, capacidade de entregar resultados e resiliência e adaptação às mudanças. Sobre os temas que mais precisam atenção por parte dos líderes, comunicação e feedback são citados por 80,5% dos participantes, seguidos de inovação e diversidade e inclusão nas três primeiras posições.
Formatos de trabalho
Os modelos adotados pelas empresas são 100% presencial (46,1%) e híbrido (43,9%). No caso do modelo híbrido, 29,9% das empresas adotam três dias presenciais e dois dias em casa ou em outro lugar. Para 20,9%, a liderança define a jornada de acordo com as necessidades e estratégias e 18,1% das empresas adotam dois dias presenciais e três dias em casa ou outo lugar. Sobre a jornada reduzida de trabalho (quatro dias por semana), 43,8% nunca pensaram no assunto e 42.3% disseram que é impraticável.
Inovação e ESG
A mentalidade da liderança é considerada empecilho para a inovação por 32% das empresas. Em 2020, 50% das organizações destacavam esta barreira, que vem caindo ano após ano. 40% das empresas já utilizam alguma ferramenta de inteligência artificial em sua rotina de trabalho e 25,4% dizem que é bastante perceptível que a IA vem substituindo algumas funções. As empresas também responderam sobre adoção de iniciativas estruturadas em relação ao ESG. 23,8% disseram não ter nenhuma e 18,1% afirmaram ter práticas de sustentabilidade, mas não organizadas ou ligadas a movimentos globais.
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