Reflexões empreendedoras
Os artigos a seguir foram elaborados pelos integrantes do Comitê de Jovens Empreendedores da ACI e divulgados no Caderno de Anotações entregues durante o 3º Encontro CJE - Vamos falar de Empreendedorismo?, realizado dia 24 de abril.
Sr. Mercado
“O mercado se comporta como se fosse alguém chamado Sr. Mercado, uma pessoa com problemas emocionais incuráveis. As vezes se sente eufórico e é capaz de discernir apenas os fatores favoráveis, e em outras vezes está deprimido e só consegue ver problemas, para os negócios e para o mundo.” Essa é a definição do bilionário norte-americano Warren Buffett. Vivemos um momento de depressão no mercado brasileiro e nos perguntamos: como lidar com isso?
Primeiro, é preciso diagnosticar o que vem causando o mau humor desse senhor. Acompanhamos novos empreendimentos diminuírem a cada ano: segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação - IBPT, que excluiu os Microempreendedores Individuais, ocorreu uma queda de 24,15% na abertura de novas sociedades entre o primeiro semestre de 2010 até o mesmo período de 2014.
Com a avalanche de notícias negativas e nossa economia estagnada (o crescimento da economia brasileira deve ser de 0,03% e a inflação deve ultrapassar a barreira dos 7% em 2015), é preciso buscar uma forma de superar esta depressão contagiosa que nos coloca em alerta e muitas vezes tira o ânimo para seguir em frente.
Considerando que alguns sintomas deste Senhor são incuráveis, a solução é buscar a nossa própria cura, empreendendo. Tanto faz o seu motivo. Se empreender é o que te leva a batalhar, é uma necessidade, é um sonho, agarre-se firme no tratamento: faça um coquetel com sua ousadia e coragem, acrescente muita resiliência, criatividade, informação e uma pitada de cautela. Esta é a receita para superar qualquer epidemia de más perspectivas que possa aparecer. Crie suas metas, escolha seu jogo, dite suas regras e vá à luta!
De acordo com o IBPT, estamos localizados na região que mais empreende no país e nosso estado é o quarto colocado no ranking de novas empresas. Quem sabe sua empresa ajude o mercado a enxergar os fatores favoráveis. Quem sabe a gente se reúna para ouvir a sua história de sucesso. Acredite no seu sonho, supere as dificuldades, empreenda e mostre a que você veio.
Anelise Gehlen Luvizon, Danielle Christine Mesquita Goldoni, Fernando Agostini e Ramona Heldt
Bass, Thomas A. Os Profetas de Wall Street - Como um grupo de físicos ousados usou a Teoria do Caos para fazer fortuna. 2º Ed. São Paulo: Editora Campus/Elsevier, 2000. http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2015/02/mercado-preve-crescimento-pertode-zero-e-inflacao-acima-de-7-em-2015.html. http://www.empresometro.com.br/Content/Files/Estudos/Empresometro-agosto-2014.pdf.
___________________________________________________
A necessidade de maior segurança jurídica para os empreendedores e atração de investidores estrangeiros
Ao iniciar seu empreendimento e estabelecer o plano de negócios, o empreendedor busca uma análise detalhada de inúmeros aspectos que assegurem o retorno do seu investimento, observadas as regras e fatores de risco que certamente surgirão no percurso da (desafiadora) atividade mercantil. Contudo, a insegurança jurídica ainda é, em nosso país, um dos fatores que mais desmotivam o desenvolvimento de novos negócios e a atração de recurso de investidores estrangeiros.
Mesmo que em qualquer parte do globo empreender seja atividade ligada, em maior ou menor grau, à capacidade de assunção de riscos, à ousadia e à coragem do empreendedor, o conhecimento antecipado e reflexivo das consequências diretas de seus atos, sem sujeitar-se à conveniência política de cada momento, é condição básica para o desenvolvimento sadio e sustentável de qualquer empreendimento.
Como exemplo notório da dificuldade para se empreender em nosso país, cita-se o atendimento à legislação tributária. Trata-se de uma tarefa dificílima o atendimento das 320.343 normas tributárias vigentes desde a promulgação da Constituição de 1988 (30.322 de âmbito federal, 96.664 estadual e 193.357 municipal).
Não bastasse a estrondosa quantidade de normas em vigor, a complexidade do sistema tributário brasileiro, há muito denominado por Alfredo Augusto Becker “manicômio jurídico tributário”, potencializa a insegurança jurídica vivida pelos empresários em nosso país a patamares únicos no mundo. O traço cinzento existente entre o planejamento tributário e a fraude fiscal são apenas alguns exemplos que demonstram a vulnerabilidade do empresário contribuinte.
Outrossim, a legislação trabalhista excessivamente protecionista engessa em demasiado as relações de labor, dificultando também as condições de competição de nossos produtos e/ou serviços com similares de outros países. Hodiernamente, são julgados em nossos Tribunais e órgãos administrativos casos que afrontam dispositivos constitucionais e normas vigentes, trazendo-se nova sensação de insegurança jurídica.
Por fim, necessário o enfrentamento de todas as questões trabalhistas e de uma ampla reforma tributária para a simplificação da rotina daquele que busca empreender.
Caroline Grazieli Paz, João Viega da Rocha Neto, Miguel Marques Vieira e Roberta Cassel Greenfield
Fonte: https://www.ibpt.org.br/noticia/1951/Brasil-cria-em-media-46-novas-regras-detributos-a-cada-dia-util
________________________________________
Pensamento Transformacional Enxuto
No decorrer da sua história, uma empresa passa por momentos de ruptura, que podem acontecer em diversos níveis, desde os seus processos até a sua cultura organizacional ou total reestruturação do seu modelo de negócios. Essas rupturas podem significar uma inovação para a empresa, para as suas pessoas ou até para o mercado.
Abrir o seu próprio negócio ou gerenciar o processo de mudança e inovação dentro de uma organização requer coragem e persistência, ainda mais quando existem diferenças culturais entre as gerações dentro da empresa e o mercado está em constante mudança e insegurança. Portanto, como fazer uma mudança e tornála sustentável para o negócio ao longo do tempo em um mercado de instabilidade, minimizando os atritos geracionais?
Para Ries (2012), difusor do conceito Lean Thinking, isto é, “Pensamento Enxuto”, e autor do livro Lean Startup (2012), o foco deve estar na redução de desperdícios, na simplificação e otimização de processos e criação de valor para o cliente. Este conceito baseia-se no Lean Manufacturing, “Produção Enxuta”, que sai do departamento de produção e invade a estratégia para transformar o desenvolvimento de estruturas e modelos de negócios, criação de novos produtos e serviços.
O autor propõe que para o Empreendedorismo ou o Intraempreendedorismo é necessário criar projetos enxutos com foco na aprendizagem contínua e verificação dos pontos de criação de valor, agregando análises, medições e feedbacks de testes com clientes para conseguir fechar um ciclo completo de transformação de ideias em produtos de forma rápida, com baixo custo e identificação de resultados antes de sua implantação.
Concluímos que não importa o tamanho da empresa, o setor ou tipo de negócio, a inovação através do conceito de Empresa Enxuta pode ser utilizada em projetos diversos, mudanças em setores ou remodelação de negócio, criando sintonia entre as gerações e dirimindo os seus conflitos, através do seu objetivo de construir valor para o cliente, reduzir custos e o tempo de implementação da ideia de inovação.
Cássia Klöpsch, Jonas Timoteo Langer, Maicon Schaab, Carlos Rafael Nunes Santana, Thiago Moreira Safadi e Vivian Schell
RIES, Eric. 2012. A Startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação continua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. – São Paulo: Lua de papel. 2012.
________________________________________________________________
Uma breve reflexão sobre Liberdades
A livre iniciativa pressupõe o exercício do direito ao indivíduo de exercer sua atividade econômica sem cerceamentos por parte do Estado, com liberdade. Liberdade tem sido foco frequente de debates, mas afinal, quanta liberdade realmente temos, à medida que o Estado interfere em tantos aspectos nas esferas civil e econômica? No Brasil, por exemplo, o estado controla desde fatos do cotidiano como a forma que uma criança vai nascer e o que vai aprender, até o âmbito econômico e produtivo, entrando diretamente na livre iniciativa individual, interferindo na produção, nos salários, serviços que podem ser oferecidos e contratados, entre outros. Quem já teve a oportunidade de empreender sabe que a lista vai muito além. Não satisfeito, o Estado ainda participa como sócio compulsório, tributando em torno de 40% do todo, algo de dar inveja ao mais promissor monarca absoluto.
Analisando os países por grau de liberdade econômica (e em 4 blocos), conforme o Fraser Institute, podemos observar diversas vantagens em se deixar uma população livre, com menos imposições legais, tendo como premissa a livre iniciativa. Seguem alguns números: O quartil de países mais livres tem renda 6x maior do que o quartil com menos liberdade, 17 anos a mais de expectativa de vida, além de 28 países com IDH muito alto (contra apenas 1), e renda dos 10% mais pobres 9x maior. Liberdade econômica traz, diretamente, maior renda e melhor qualidade de vida, além de garantir maiores direitos civis e políticos.
Vale salientar, estes países que compõe o bloco dos mais livres, não o são por serem hoje ricos, mas são ricos hoje por terem pregado liberdades ao longo de sua história, ou seja: A liberdade econômica não é uma solução para um país rico; é, essencialmente, um conjunto de providências, práticas e aperfeiçoáveis com o tempo, para um país tornar-se rico (Iorio, Ubiratan J).
Enfim, ao garantir a livre iniciativa, liberdade de escolha e as trocas voluntárias, uma população ganha como um todo ao assumir comportamento mais benéfico de maneira geral, podendo satisfazer seus anseios, além de inovar, desenvolver novos serviços, produtos e ideias, aumentar produtividade e colaborar uns com os outros, de maneira responsável, enriquecendo a nação para todos.
Djan Maximílian Gusmão, Eduardo Henrique Schaeffer, Gabriel Killing Sperb e Natália Mosmann Schaeffer
Fonte: http://www.freetheworld.com/2014/EFW2014-POST.pdf