Inovação precisa gerar e distribuir valor, diz professor da Unisinos
A inovação, como a moda, tem modismos, tendências e estilos, isto é, fatos que ocorrem num curto período, inclinações para uma direção ou outra e uma forma própria que a diferencia e torna única. Foi com esta afirmação que o professor e gerente de P, D & I na Unisinos, Silvio Bitencourt, iniciou sua palestrante no webinar inovação realizado pela ACI nesta terça-feira, 20, com o patrocínio de Sicredi Pioneira e a mediação do vice-presidente de inovação, Robinson Oscar Klein.
Conforme ele, inovação é algo complexo que depende de questões geográficas, de um ecossistema e de um ambiente que possibilite aprendizado contínuo. O caminho mais fácil a seguir é o dos modismos, em que os movimentos se repetem, mas é a capacidade de gerar valor à empresa que faz com que seja única.
Bitencourt enfatiza que a empresa precisa fazer parte do ‘teatro da inovação’ e demostrar que é inovadora, tendo, por exemplo, um laboratório de inovação, isto é, um ambiente fisicamente estruturado e profissionais voltados a ela em tempo integral. “Inovação tem que fazer parte da agenda e das estratégias da empresa, como uma função estruturada com rotinas e procedimentos que levem à melhoria em produtos, processos, modelo de negócio, organização e transformação digital”, explica o professor.
Conforme ele, mais do que forma, inovação requer conteúdo para tornar a empresa viva, criativa e moderna, capaz de criar novas oportunidades de negócios, aumentar a receita e, principalmente, gerar e distribuir valor. A empresa, continua, precisa definir o que quer de fato inovar: produto, marketing ou processo. Pode ser apenas uma destas áreas ou todas elas juntas, num blend de inovação.
Mas fazer isso apenas para aumentar a receita não basta. É preciso gerar e distribuir valor e fazer com que fornecedores e clientes percebam a sua condição de empresa inovadora e, assim, colaboradores melhores também sejam atraídos. “Se a inovação não passa pela geração e pela distribuição de valor, não é inovação. É modismo, um fenômeno passageiro, como ocorre no mundo da moda", alerta.
Em inovação, é preciso assumir riscos, porém de forma calculada, e atuar de maneira colaborativa.
1 – Formação de um ecossistema de inovação é união de um grupo de atores para atuar em sinergia numa determinada região. São empresas, universidades, governos e sociedade civil que se conectam para criar ambientes inovadores como os existentes no Vale do Silício, em Israel e em Florianópolis, por exemplo.
2 - Inovação aberta é desenvolvida com recursos da empresa e externos. É marcada por um fluxo contínuo de conhecimento bidirecional (de dentro para fora e de fora para dentro) e pelo acesso a conhecimentos que ainda não tinha. A parceria com outras empresas e clientes permite uma compreensão fina da realidade e das necessidades do mercado, possibilitando o desenvolvimento de produtos e serviços que atendam a essas demandas.
3 - Inovação no modelo de negócio é o redesenho de estratégias para entregar a proposta de valor ao cliente, isto é, algo único que ele esteja disposto a comprar, pagando até mesmo valores superiores. “É definir como a empresa vai ganhar dinheiro com algo único gerado pelo relacionamento com os clientes e a o conexão com o mercado”, explica. Para inovar, Bitencourt destaca que não basta apenas utilizar os dados básicos dos consumidores, como nome, idade e classe social. Hoje, as empresas devem debruçar-se sobre dados mais relevantes, como perfis de clientes ou tribos, que permitam conhecê-los e atender as suas demandas. “Sem isso, não é possível saber em que direção seguir”, alerta o professor da Unisinos, que reforça a necessidade de tratar a inovação como algo colaborativo e estar próximo de parceiros e clientes para assegurar um fluxo de conhecimento constante.
4 - No âmbito da transformação digital, o palestrante enfatiza que a pandemia acentuou a necessidade de respostas e ação rápidas nos negócios, o que não envolve apenas tecnologia, mas principalmente comportamentos ligados à maneira ágil de fazer as coisas. Em tempos de conexão total, não há tempo a perder. É necessário fazer ofertas cada vez mais rápidas, testar e refazer e ter agilidade assertiva. Para isso, é preciso ter uma cultura orientada para dados, que são cada vez mais valorizados no mundo dos negócios e das empresas. Se a empresa não dispor e utilizar dados, estará em atraso em relação às concorrentes, que certamente farão a disrupção, isto é, a eliminação de um setor de atuação pela exploração de dados.
Para o professor da Unisinos, inovação não depende de uma bala de prata ou de uma única solução. Depende de um sistema planejado e que faça parte da rotina e das estratégias da empresa. A ISO 56.000 é, em sua avaliação, um bom caminho a seguir, pois propõe um modelo de gestão da inovação integrado à gestão da empresa, mas é necessário muito mais. “Em suma, há diversas formas de desenvolver a inovação e cada empresa deve escolher a mais adequada ao seu contexto. Para inovar, avalie o mercado, as condições econômicas, sociais e políticas e até mesmo a sua base de clientes. E, ainda, procure dispor de informações em tempo real para poder tomar decisões assertivas e propor inovações que encontrem eco entre os clientes e permitem gerar e distribuir valor continuamente”, finaliza.
Patrocínio: Sicredi Pioneira