Governança corporativa em empresa familiar exige dedicação e planejamento

Por ACI: 23/09/2025

A governança corporativa é apontada como fundamental para a longevidade das empresas familiares, mas exige disciplina e dedicação. O tema foi destaque da edição do Happy Hour da ACI, realizada ontem (22) no Hub One Novo Hamburgo, com palestra de Ronaldo Schmidt Grangeiro, diretor de Marketing e DHO do Laboratório Fleming. A mediação foi de Cristina Scheid Pacheco, gerente executiva de Esquadrias Scheid e integrante do Comitê de Governança e Planejamento da entidade.

Segundo dados apresentados, as empresas familiares representam 90% dos negócios no Brasil, respondem por mais de 70% do PIB mundial e empregam 75% da força de trabalho. Apesar da relevância, apenas 36% chegam à segunda geração, 19% alcançam a terceira e só 7% chegam à quarta. Entende-se por empresa familiar aquela que é controlada por uma ou mais famílias, em que dois ou mais membros exercem influência significativa na administração.

Grangeiro apresentou alguns dos principais aprendizados do grupo formado pelos Laboratórios Fleming e Colman, que completam 55 anos de atuação no Vale do Sinos e na Região Metropolitana de Porto Alegre. A empresa realiza mais de 80 mil exames mensais em 13 unidades, além de contar com a iNova Patologia Molecular e a Flevet Análises Veterinárias em seu portfólio. Utilizando modelos como o dos “Três Círculos” (família, empresa e propriedade), analisou três fases vividas pelo grupo: o comando centralizado do fundador, a entrada da segunda geração e o atual processo de transição com novos sócios e negócios.

Entre os principais pontos, ressaltou-se que os valores familiares são um diferencial competitivo, mas podem gerar conflitos quando os papéis não estão bem definidos. A governança corporativa, segundo ele, deve ser aplicada em essência, mesmo em empresas menores, baseada em princípios como transparência, integridade e responsabilidade. “É preciso desmistificar o processo de governança, muitas vezes relacionado somente a grandes empresas. Na verdade, ele é útil e aplicável a todas”, argumenta. “A governança é uma bússola que indica o caminho certo”, complementou Cristina.

Estruturas facilitam o processo

A experiência prática do grupo incluiu a criação de estruturas como conselho consultivo, protocolo familiar e holding patrimonial, fundamentais para reduzir tensões entre gerações com visões diferentes. O palestrante enfatizou ainda a importância do planejamento antecipado da sucessão, da profissionalização da gestão e do cuidado especial com o fundador durante o processo.

Apesar dos desafios, uma governança familiar bem estruturada oferece benefícios relevantes para a empresa e seus membros. Ao estabelecer regras claras de papéis e responsabilidades, evita-se a sobreposição de funções entre pais, filhos, sócios e gestores, facilitando decisões mais objetivas. Instrumentos como o Protocolo Familiar e o Conselho de Família promovem o diálogo e ajudam a tratar assuntos sensíveis sem comprometer o negócio. A continuidade da empresa é fortalecida pela preparação das novas gerações, que passam a enxergar a sucessão como um processo planejado e não como uma crise iminente.

O apoio externo é outro elemento importante: especialistas jurídicos, financeiros e em governança podem ajudar a conduzir o processo com neutralidade. Participar de redes e fóruns de empresas familiares oferece insights valiosos e referências de casos semelhantes. Por fim, Grangeiro reforça que o planejamento sucessório exige paciência, maturidade e visão de longo prazo. É necessário preparar o fundador para novos papéis no pós-transição e cultivar o diálogo entre gerações com empatia, honestidade e escuta ativa.

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