Exportação gera melhoria intrínseca que torna empresa mais competitiva
A atividade exportadora está consolidada no Vale do Sinos, especialmente na indústria coureiro-calçadista. Desde os primeiros embarques ao exterior, ainda na década de 1970, até hoje, centenas de empresas já passaram a destinar ao mercado internacional parte da produção e há muitas outras buscando iniciar negócios com clientes de outros países.
Com o objetivo de orientar os associados, a ACI realizou nesta terça-feira, 28, o webinar exportação, em que o vice-presidente de comércio internacional da ADVB-RS, Edmilson Milan, apresentou o tema Exportação: um caminho para o crescimento da empresa. O evento teve a moderação do vice-presidente de governança e qualidade, Diogo Leuck.
“São muitos os motivos para exportar, como diversificação de mercado, conquista de novos clientes, faturamento em moeda forte, expansão e, principalmente, melhoria intrínseca que torna a empresa mais competitiva em diversos aspectos”, disse Milan, que possui ampla experiência em comércio exterior, tendo ocupado a gerência da unidade de câmbio do Banco do Brasil em Novo Hamburgo.
Mas, segundo ele, antes de começar a atividade exportadora, a empresa precisa preparar-se, como inserir a atividade como estratégia de seu planejamento, ter visão de longo prazo, conhecer como exportar e definir quais produtos quer exportar e para que países. “A empresa precisa ter capacidade de exportação, o que significa que todos devem estar imbuídos do espirito exportador”, acrescenta Milan, citando o autor de livros italiano Nicola Minervini. Conforme o palestrante, visita a feiras internacionais e participação em missões empresariais ao exterior são ações indicadas para quem quer conhecer o mercado internacional e realizar negócios com outros países.
Fatores de estímulo à exportação
Edmilson Milan destaca a existência de fatores internos e externos que estimulam a exportação. Os internos são o compromisso dos administradores da empresa, o aumento do faturamento/crescimento da empresa e o desenvolvimento de produtos com qualidade superior e características únicas. Os externos, por sua vez, são melhores oportunidades no exterior, programas de apoio à exportação e pedidos de compras de clientes de diferenets países.
Numa negociação internacional, características dos produtos e diferenças culturais são fatores importantes, por isso preço, incoterms (termos internacionais de comércio) e modalidade de pagamento precisam ser claramente definidos. “Países possuem diferenças socioculturais que impactam leis, costumes e necessidades de clientes e preferências, inclusive paladar, enquanto as estratégias de fixação de preços têm como meta geral contribuir para que os objetivos de vendas e lucro da empresa no mercado mundial”, justifica.
Escolha da modalidade de pagamento
Escolher a modalidade de pagamento também é essencial ao exportador, para assegurar-se de que receberá o valor correspondente à operação. Diversos fatores que influenciam a escolha. Aspectos mercadológicos envolvem a quantidade de fornecedores e compradores internacionais. Risco de crédito relaciona-se ao conceito e à capacidade financeira do importador, bem como à tradição de negócios entre as empresas. Aspectos financeiros envolvem a capacidade econômica do vendedor e risco país refere-se a possíveis intercorrências políticas extraordinárias no país pagador.
Termos de comércio internacional
Barreiras internas e externas também precisam ser superadas. Internas são, entre outras, dificuldades para identificar clientes no exterior e ofertar preços satisfatórios, intensa competividade de preços e problemas para concessão de crédito aos importadores. Barreiras externas incluem empresas com posicionamentos e estratégias diversos, deterioração das condições econômicas no exterior, variações cambiais desfavoráveis, instabilidade política no exterior e ainda barreiras tarifárias e não tarifárias. “Taxa de câmbio é um excelente motivador de exportações, mas não deve ser o único”, alerta Milan, que sugere, para fugir de fatores internos ou externos que não controla, a empresa faça da inovação um diferencial competitivo.
Financiamento às exportações brasileiras
As empresas exportadoras dispõem de três mecanismos principais de financiamento à exportação. No âmbito de pré-embarque, há o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), voltado ao financiamento da produção. Após o embarque, estão disponíveis o Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) e o Programa de Financiamento às Exportações Brasileiras (Proex). Todos eles envolvem a cobrança de tarifas por parte das instituições financeiras que prestam estes serviços.
“ACC e ACE são importantes instrumentos de proteção cambial, isto é, evitam que o exportador tenha prejuízo com uma eventual desvalorização do câmbio num determinado período. A operação é denominada de travamento do câmbio de exportação” explica Milan. O exportador recebe o valor ao final do prazo contratado, de acordo com a taxa definida. Há ainda o mercado de Derivativos, em que a operação de câmbio é travada para um período, ao final do qual a instituição financeira paga a diferença à empresa, se o câmbio baixar, ou cobra dela, se ele subir.