Entrevista da Série Calçado e Carreira com Jorge Bischoff

Por ACI: 06/10/2016

Associado: Orisol do Brasil

Dando continuidade à série “Calçado e Carreira” em que a Orisol apoia o Jornal Exclusivo e Grupo Editorial Sinos, abaixo a entrevista redigida por Carina Locks e coordenada por Roberta Pschichholz com Jorge Bischoff.

Criativo,  inquieto e SAPATEIRO

Para Jorge Bischoff, Senai fez o mundo tomar outra dimensão.O mesmo conselho que recebeu aos 17 anos, e que mudou para sempre a sua vida, ele passou adiante. Cursar o Técnico em Calçados do Senai foi, para o próprio Jorge Bischoff, 51 anos, extremamente importante para que ele chegasse onde chegou. “Depois do Senai, o mundo tomou outra dimensão. Foi a oportunidade de dar o start, de ter a coragem de dizer para o mundo: agora sou modelista”, revela o empresário que está no comando de um verdadeiro império e que orientou, anos atrás e antes de contratá-la, sua atual diretora de Produto, Clarissa Lehnen, a buscar a mesma formação. Quando cursava Técnico em Contabilidade em sua cidade natal, Igrejinha/RS – onde mora até hoje –, o jovem que passava as noites e fins de semana desenhando por diversão foi aconselhado por um professor a mudar o curso de sua vida. A sugestão foi que ele fosse estudar em Novo Hamburgo/RS para ser sapateiro, já que demonstrava grande potencial criativo. Aquelas palavras, assim como as ditas pelo diretor do Senai na época da formatura, afirmando que o espírito profissional já havia sido instigado nos alunos e que o futuro era responsabilidade de cada um, marcaram para sempre o hoje CEO do Bischoff Group.

Atualmente, a companhia tem uma produção anual estimada de 1,4 milhão de itens, entre calçados, bolsas e acessórios. O faturamento, em 2015, foi de R$ 30 milhões.

Apenas “um alemão do interior” 

Sua vida profissional começou cedo: aos 9 anos já era garçom em uma lanchonete que ficava em frente à fábrica de calçados em que seu pai trabalhava. Do outro lado da rua, alimentava o sonho de também atuar no setor que sempre empregou seus pais. Dois anos mais tarde, aos 11, Bischoff ingressou no meio calçadista como cortador de couro, mas outros cargos marcaram sua trajetória.

Caso do convite de emprego que recebeu de Tibúrcio Grings, da Piccadilly (Igrejinha/RS). “Estava andando perto da minha casa, ele se aproximou e perguntou se eu realmente já era modelista. Quando afirmei, me convidou para ir até a fábrica na segunda-feira”, emociona-se o designer, lembrando do aprendizado proporcionado por aquele emprego. Mais tarde, tornou-se responsável pelo setor de Produto da Bibi (Parobé/RS), onde ampliou seu conhecimento sobre mercado e varejo. A experiência adquirida em seu estúdio de design, inaugurado em Igrejinha em 2001, também foi fundamental. Nele eram criados modelos de calçados e coleções inteiras para novas e importantes marcas brasileiras, assim como estratégias para inserir tais produtos no mercado. O criativo lembra que no dia da inauguração do estúdio, um jornalista lançou a ideia de ele criar uma marca própria. Conta que titubeou, pois considerava-se apenas “um alemão do interior”. Mas a ideia permaneceu.

A grife homônima foi criada em 2003. Cheios de atitude, calçados, bolsas e acessórios são vendidos hoje em uma rede de franquias que conta com mais de 60 unidades. Além disso, seus produtos também estão nas vitrines de multimarcas em 50 países. A inquietação, que é traço marcante da personalidade do designer, apareceu novamente em 2013, com o lançamento da marca Loucos & Santos, voltada para um público mais jovem e descolado, e, mais recentemente, com investimento em produtos masculinos, como a Mr. Bischoff.

Orgulho da Escola

Gratidão talvez seja a palavra que melhor descreva o sentimento de Bischoff em relação ao Senai. Ele não mede elogios à escola e ao corpo docente. “Saí de lá sabendo que as coisas têm começo, meio e fim, que sapato de qualidade tem que ser concebido certo.” Nostalgia surge em seu semblante quando lembra do esforço para não chegar atrasado às aulas à noite, em Novo Hamburgo, apesar de trabalhar das 6h25 às 18h em uma fábrica calçadista em Igrejinha. O empreendedor recorda – e elogia – que atrasos não eram tolerados pelos exigentes professores.

Para Bischoff, o Senai foi um dos responsáveis por tornar o calçado brasileiro respeitado no mundo todo atualmente. “Que bom que a gente tem o Senai, que contribuiu com tantas pessoas aqui para terem a oportunidade de brilhar e de contribuir com a história do sapato brasileiro”, agradece.

“Eu dei a receita para várias pessoas: vai estudar no SENAI” , evidencia Jorge Bischoff.

Ampla estrutura para formar sapateiros

O Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística (Novo Hamburgo/RS) conta com laboratórios que realizam, para empresas do setor, ensaios em calçados e em componentes. Os testes são feitos seguindo normas técnicas nacionais e internacionais vigentes e a mesma estrutura física é utilizada para demonstrar aos alunos do curso Técnico em Calçados.

O Laboratório Físico-Mecânico e de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), por exemplo, é usado pelos alunos para que acompanhem as operações em flexômetros (solado, cabedal e palmilha de montagem) e em abrasímetros (solado, cabedal e forro). Outros testes acompanhados pelos estudantes são ensaios de fricção, de resistência, de escorregamento do calçado e em peças metálicas.

Já o Laboratório de Biomecânica é utilizado para que os alunos aprendam sobre ensaios de temperatura interna do calçado, percepção do calce, absorção do impacto, distribuição da pressão plantar, determinação da massa do calçado e escaneamento 3D dos pés. Uma fábrica de calçados faz parte da estrutura do Senai, permitindo aos alunos aprenderem na prática todos os processos. No laboratório de informática – usado para manusear softwares para o desenvolvimento de fichas técnicas, layout, custos, etc – os computadores têm sistema CAD instalado para desenvolvimento de calçados. Os alunos fazem a modelagem nesta plataforma, com o sistema shoemaster.

Fonte: Banca 7 - Comunicação Integrada

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