Nada como algumas semanas depois das outras
Durante o período pré-eleitoral, quando os candidatos buscavam trazer suas propostas aos empresários e comunidade, abrimos, com toda hospitalidade, as portas da nossa ACI, como é de nossa tradição democrática e compromisso junto ao associado.
Ouvimos candidatos das mais diversas matizes ideológicas e discutimos suas propostas. Algumas, naturalmente, falavam mais na direção da produtividade, da desburocratização, do cuidado com a retenção de empresas locais e o controle de gastos, enquanto outras seguiam uma via mais estatizante e, portanto, mais arriscada sob o ponto de vista fiscal.
Mas, isso tudo é do processo eleitoral e muito bem-vindo, enquanto identificamos a crença e o crente praticante. Bom ou ruim, a proposta não se esgota no pensar, no propor, mas na intenção e na verdade que cada um segue em busca do bem comum da sociedade. E, por isso, votamos em uns ou outros.
Quando, no entanto, nos deparamos com a proposta do Projeto de Lei Complementar de Aposentadoria Especial para os Deputados do RS, que custará R$ 3,5 milhões por ano aos cofres públicos do RS, a ser votado a toque de caixa antes do Natal, precisamos refletir além do que nos permite a nossa vã audição e filosofia. Alguns deputados, como um representante do Vale do Sinos, estão defendendo a aprovação do PLC dizendo que estão fora do mercado se começarem uma busca por um emprego no mundo real, após 20 anos de Assembleia. Outros, buscam argumentar que desistiram de suas profissões que dariam mais lucro e, portanto, estão intitulados a buscar esta aposentadoria especial com toda a justiça desse mundo.
Por que é que não nos falaram isso antes da eleição? Por que é que estes deputados não falaram disso nos intermináveis horários eleitorais gratuitos (que são pagos pelo contribuinte)? Parece que estamos assistindo a um filme de muito mau gosto, sem conseguir zapear, reféns de um péssimo script - de filme "B" para baixo.
Passadas algumas semanas, livramo-nos das promessas televisivas e passamos à dura realidade dos fatos. Portanto, sempre é hora: escrevam aos seus representantes eleitos e cobrem uma posição diferente desta que se desenha para o fim do ano, porque ainda há espaço para reversão de mais este custo para o contribuinte!
Marcelo Clark Alves
Presidente da ACI-NH/CB/EV
