Liderança empática conecta pessoas e melhora clima organizacional

Por ACI: 13/01/2021

Pesquisa feita pelo Instituto Gallup indica que apenas 13% dos trabalhadores das empresas em geral se sentem efetivamente engajados, 63% não se sentem engajados e 24% se sentem ativamente frustrados devido a problemas recorrentes no ambiente de trabalho.

Os dados foram apresentados por Vivian Laube – especialista em liderança e comportamento organizacional, estudiosa da comunicação não-violenta, criadora do Método Vamos Aprender a Conversar e diretora da LF Comunicação Integrada - durante webinar realizado nesta quarta-feira, 13, com o tema liderança empática.

Com o patrocínio de Unimed Vale do Sinos, Eccel Restaurantes Empresariais e Sicoob MaxiCrédito, o evento abriu o calendário 2021 da ACI e teve a participação, como mediador, de Gilnei Brizola, integrante do Comitê Regional da entidade em Campo Bom.

“São números que deixam claro que algo precisa ser feito para mudar a realidade”, afirmou Vivian, citando também que 87% dos trabalhadores se sentem frustrados no ambiente de trabalho e 84% dos que pedem demissão o fazem por conta de problemas de relacionamento com o líder mais próximo.

O que está por trás destes números, conforme Vivian, é um estilo de liderança ultrapassado e uma cultura empresarial que contempla o princípio de que o líder manda e o colaborador obedece e faz as tarefas por obrigação, que caracteriza a maioria das empresas do Vale do Sinos, cujo foco é a produção.

É preciso, segundo ela, que o líder atual seja cada vez mais um novo líder, com um olhar mais humano para si próprio e para a equipe. É o que ela chama de liderança empática, baseada em princípios como humanidade, respeito, tolerância, resiliência e escuta ativa. “É um modo de agir que cria conexão com as pessoas, melhora o clima organizacional e gera resultados melhores”, explica.

A liderança empática possui quatro pilares, segundo Vivian:

1 – Coragem, que está diretamente ligada à vulnerabilidade;

2 – Conexão, que só acontece com muita empatia e escuta ativa;

3 – Engajamento, que somente acontece com confiança, e

4 – Comunicação, que só acontece quando a pessoa aprende a falar sobre seus sentimentos.

“Um líder, para ser humano, precisa se vulnerabilizar”, disse Vivian, enfatizando, porém, que isso não significa tornar-se fraco. “Só é corajoso quem se vulnerabiliza”, acrescentou, citando a frase do ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt.

Para Vivian, sem se expor e correr riscos, nenhuma pessoa é corajosa, e o mesmo vale para o líder, que precisa se vulnerabilizar, para, por exemplo, saber dar uma notícia ruim aos seus liderados, expor todas as razões que a cercam e ouvir até mesmo opiniões contrárias. Ter coragem, conforme a palestrante, não é isenção de medo, mas o que se faz com o medo que se sente.

Para criar uma conexão com os seus liderados, o líder precisa escutar verdadeiramente e ter empatia em relação a eles. Escutar é essencial para compreender o que está acontecendo e como cada um se sente. “O novo líder é mais perguntador do que respondedor”, afirmou Vivian, destacando, porém, que ele não precisa ter todas as respostas na ponta da língua. Precisa aprender sempre e dar feedback aos seus liderados.

É importante, para o líder, ter em mente que cada um se sente engajado com aquilo que lhe traz segurança, por isso o sentimento de pertencimento a um grupo ou a uma empresa precisa ser continuamente alimentado através de conversas e escuta ativa. “Engajamento requer, acima de tudo, muita confiança”, define Vivian.

Comunicação não violenta

Outra habilidade do novo líder é, segundo Vivian Laube, a capacidade de expressar-se de maneira assertiva, autêntica e humanizada, que ela denomina de comunicação não violenta. Significa saber falar na primeira pessoa, dizer o que está sentindo e abrir-se para escutar melhor os liderados. É também fazer pedidos de forma clara, manter a calma e iniciar uma conversa sem acusar e buscando estabelecer uma conexão.

“Dizer a verde sempre é fundamental, mas é preciso aprender a dizer a ‘minha verdade’ e saber ouvir para entender a ‘verdade do outro’”, enfatiza Vivian. Este modo de proceder, destaca, é indicado até mesmo nas chamadas ‘conversas difíceis’.

Comunicar-se de forma não violenta não significa concordar ou ser passivo. É saber expressar opinião diante de um fato ou situação e saber ouvir a opinião de outra pessoa. “É, por exemplo, não elevar a voz para expressar a opinião e conseguir conquistas ou mudanças”, esclarece.

Conforme a palestrante, as empresas em geral devem oportunizar condições para que seus líderes possam melhorar como seres humanos e ser lideranças capazes de fazer a diferença no atual momento do mercado. “Não adianta colocar missão e valores num quadro fixado à parede. Nem tampouco apenas investir na melhoria de processos e da qualidade dos produtos, como vem sendo feito há muito tempo. É necessário treinar os líderes para serem melhores gestores de pessoas, um processo que deve ser contínuo, feito com planejamento e integrado à cultura da empresa. Fazer diferente do que se faz hoje é possível”, finalizou Vivian Laube.

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