O Robô e o futuro do trabalhador

Por ACI: 21/12/2017

Antes da primeira revolução industrial, a unidade elementar de produção era a família. A descoberta da máquina, em meados do século 18, revolucionou o mundo e deu origem ao capitalismo e à classe operária. Da disputa entre a velocidade da fiação e a capacidade de tecer surgiram as primeiras fábricas de tecidos na Inglaterra e o embrião do futuro proletariado. Surgiu um processo de mecanização, com máquinas e locomotivas funcionando à agua e vapor.

Começou novo período no início do século 20, quando Henry Ford criou a linha de montagem para produção em massa, movida à energia elétrica. Apareceu, então, o motor à explosão. E no começo dos anos 70 houve o início da revolução digital, com uso da eletrônica e Tecnologia da Informação em produção automatizada.

É nessa categoria que está a maioria das empresas.

Seguiu-se a chamada 4ª Revolução Industrial que é a nova etapa que está avançando nos países mais desenvolvidos, mas ainda tem longo caminho a seguir, especialmente nos mercados em desenvolvimento. Fábricas e processos são inteligentes, máquinas se comunicam com outras máquinas. Robôs e carros são autônomos. Cresce o uso da impressão 3D. Há total interação entre fabricantes, fornecedores, revendedores e clientes.

Trata-se de um avanço veloz, profundo e aparentemente além daquilo que se poderia conceber. Tudo que se apresentava como ficção ficou realidade e ultrapassara a tudo que se imaginava. A inteligência humana tem superado o que dela podia se esperar.

Quando estávamos no ginásio, havia punição para quem fosse portador de gibi ou outra publicação do gênero em razão de desenvolverem em excesso a imaginação. Tudo que ali se idealizava vem acontecendo em matéria de técnica.

No Brasil, a primeira revolução industrial iniciou-se com a criação, em 16/08/1956, do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) pelo presidente Juscelino Kubitschek.

No Japão, quem entra numa loja da Nescafé para comprar cafeteira é atendido por um robô capaz de ler expressões faciais e avaliar o tom de voz para descobrir como os clientes se sentem.

Fabricado pela Softbank Robotics e Aldebaran Robotics SAS, o humanoide dá explicações sobre produtos e serviços e conversa com as pessoas. Ao todo, a Nestlé comprou 1.000 Peppers, como foi batizado o robô, para promover o engajamento da marca com os clientes. Isso mostra o que foram capazes de criar.

Com parte dos sistemas já robóticos, como piloto automático, sensoriamento remoto e drones, o campo brasileiro já obtém grandes resultados.

Os equipamentos começam a substituir uma parcela da mão de obra na agropecuária. A tecnologia livra o produtor das atividades repetitivas da ordenha, além de melhorar o controle do rebanho e a saúde animal.

Robôs, softwares, inteligência artificial e muitas outras inovações tecnológicas estão a transformar ainda mais a forma como se produzem bens e serviços. Quem não se preparar para esse futuro, perderá competitividade.

Evidencia-se que a moderna tecnologia oferece respostas para situações em que o empregador não consegue combinar a segurança exigida pela fiscalização com os limites de custos impostos pelo mercado.

A insegurança jurídica nas relações trabalhistas remete o empresário à robotização. Também a necessidade de ser competitivo em qualidade e custos.

O efeito real sobre o impacto da robotização no número de empregos é incerto. Defensores do processo, visto como irreversível, afirmam que diversas profissões vão desaparecer, mas outras surgirão, a exemplo do que ocorreu nas revoluções industriais anteriores. Na Coreia do Sul, Cingapura, Japão, Alemanha, Estados Unidos e outros, a taxa de desemprego não foi afetada. Uma das formas de suavizar essa transição é oferecer melhor treinamento e formação para trabalhadores com o objetivo de ampliar as habilidades profissionais. O Brasil e a América Latina estão muito atrás em termos de qualificação da força de trabalho.

Os robôs vieram para ficar e promover o bem-estar das pessoas.

Num recente evento, foi questionado o papel do robô na vida humana e nas regras éticas para garantir a boa relação entre humanos e máquinas. Isso se apresenta como muito delicado já que entre outros fatos a considerar, o robô Pepper lançado no Japão entende as emoções humanas. A capacidade criativa levará a muito mais. O uso das novas conquistas sem ética e escrúpulos poderá converter as criações em algo dramático e perigoso. Temos que reconhecer que fantasias se tornaram realidades ilimitadas e a IBM anuncia que está disponibilizando “na nuvem” um protótipo de computador quântico baseado em tecnologia de supercondutores e que pode ser acessado por usuários do mundo todo. Google e
Microsoft anunciam investimentos volumosos em computação quântica. Na Europa, um megaprojeto com investimentos de 1 bilhão de euros também é anunciado nessa área.

Os computadores quânticos, ao que tudo indica, serão capazes de resolver em segundos problemas que levariam até bilhões de anos para o mais potente dos supercomputadores atuais. Os novos processadores permitirão uma revolução tecnológica e científica difícil de conceber.

ADALBERTO ALEXANDRE SNEL | ADVOGADO
Integrante do Comitê Jurídico da ACI-NH/CB/EV

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