A decisão do governador Eduardo Leite é desproporcional, errada e arrasadora em todos os aspectos, e precisa ser revisada

Por ACI: 16/04/2020

A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha vem externar, publicamente, sua inconformidade ao Decreto 55.184, publicado pelo senhor governador do Estado do RS, Eduardo Leite, na noite de ontem, 15 de abril de 2020.

Desde o início da chamada pandemia – que segue duvidosamente caracterizada como tal, devido aos números extremamente baixos no RS – a ACI instalou um Gabinete de Gestão de Crise que buscou colher as informações dos Boletins Oficiais de dados sobre o vírus Covid-19, buscar avanços institucionais e trazer notícias sobre as pesquisas da cura e da descoberta de uma vacina para esta doença.

Buscamos entender e apoiar todos os esforços dos municípios e das empresas em prol da saúde, apresentamos protocolos de cuidados sanitários e de higienização para a retomada das atividades, participamos de inúmeras reuniões com a presidência da Assembleia Legislativa, representada pelo deputado Ernani Polo. Reunimo-nos também com o governador Eduardo Leite na busca dos critérios estatísticos e atualizados que balizassem as decisões de reabertura ou de manutenção das atividades.

Fomos, ontem, negativamente surpreendidos com o Decreto que, de forma generalizada, trata casos de municípios diferentes da região metropolitana (inclusive sobre municípios que não têm sequer um caso detectado). Esta publicação oficial parece encerrar em si uma solução simples para um caso complexo, o que, invariavelmente, dá errado no final, como disse certa vez o saudoso Ibsen Pinheiro.

Aceitaríamos de bom grado uma decisão embasada em números, particularidades e justificativas científicas. Não foi o que ocorreu.

Na cidade de Novo Hamburgo, o boletim de Atendimentos oficial apresentava ontem 507 pessoas recepcionadas, 338 pessoas em isolamento domiciliar, 5 internados e 26 casos até agora confirmados, com 2 óbitos.

A rede hospitalar municipal local possui 86 ventiladores, 391 leitos, com 49 leitos de UTI à disposição dos munícipes.

Na cidade de Campo Bom, o Hospital tem capacidade de 10 leitos de UTI, 14 respiradores e mais 5 que chegarão nos próximos dias. Até o momento, o município teve 4 casos confirmados, nenhuma internação, sendo o último caso confirmado na data de 02 de abril.

As cidades de Capela de Santana, Igrejinha, Araricá, Nova Santa Rita, Nova Hartz, Parobé, Portão, Triunfo e Riozinho, na Região Metropolitana, não registraram um só caso de Covid-19, mas estão impedidas de exercer suas atividades, mesmo com todo o rol de cuidados exigido pelo Decreto Estadual.

Este é o quadro pandêmico até agora registrado em nosso entorno. Não resta dúvida de que as medidas de restrição foram importantes neste processo coletivo, mas temos números que nos asseguram que estamos muito longe da propalada pandemia que a sociedade gaúcha imaginava e mesmo as autoridades sanitárias e do Executivo têm divulgado.

Ao mesmo tempo, a economia privada (assim como a pública) vem sofrendo uma dilapidação das reservas do fluxo de caixa, dos postos de emprego e de patrimônios construídos por décadas, com prejuízos incalculáveis, sob o ponto de vista humano e financeiro, que hoje alcança o esgotamento da reserva do caixa das empresas, de um corte profundo na cadeia entrelaçada por comércio, serviços e parques industriais e da consequente margem de endividamento, falta de horizontes e um abalo enorme da confiança do cidadão no setor público, por decisões incongruentes, descontinuadas e desiguais.

Na busca de uma solução que realmente mereça tal nome é impossível imaginar um quadro de pobreza e endividamento generalizado com saúde ao final deste processo. Nosso pedido aqui é o da reconsideração e da defesa de uma análise científica detida em cada situação municipal, perante cada quadro de melhora ou de piora. Adotar um só critério para municípios com situações (relativas a dita pandemia) tão díspares não é, absolutamente, uma solução técnica.

Apelamos para o seu bom senso e sua revisão dos critérios aplicados a nossa região num todo, com vista a sairmos desta terrível crise com o menor número de mortes, de impacto negativo na economia e de fechamento definitivo de postos de emprego e de empresas.

Que a solução encontrada seja a melhor para todos os seus concidadãos, e eleitores, gaúchos.

ACI-NH/CB/EV

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