Sucessão deve ser um processo organizacional, não um momento

Por ACI: 11/05/2022

O presidente do Conselho da Rede Santa Catarina e sócio-fundador da Ekilibra Governança Integrada, Wilson Carnevalli Filho, foi o palestrante convidado do segundo encontro do Fórum Gestão da Sucessão em Empresas Familiares de Pequeno e Médio Porte, que a ACI e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) realizaram nesta quarta-feira, 11, com o patrocínio de Sicredi Pioneira.

Em sua apresentação, Carnevalli Filho afirmou que a sucessão deve ser um processo organizacional, não um momento. “Quanto mais um momento for, mais delicada será”, explicou. O que faz a diferença, segundo ele, é como a família lida com três fatores: amor, dinheiro e poder, mantendo os laços afetivos, equilibrando a relação entre pró-labore e dividendos e adotando pesos e contrapesos para equilibrar desejos e interesses. “Essa tríade é muito importante numa questão familiar e empresarial”, disse.

O também consultor de empresas enfatizou que o ideal é que o processo ocorra de forma madura, como o esforço de uma grande corrida em que se atinge o clímax com a passagem do bastão para outra pessoa ou outra geração, que, com energia renovada, dar continuidade ao negócio.

“O processo é complexo, mas é fácil se o negócio prospera e complicado se o modelo se obsoleta”, acrescentou Carnevalli, destacando que aquilo que foi um sucesso durante dez ou 15 anos se deteriora sem renovação ou se o ambiente for conflituoso. Num cenário assim, a passagem para a segunda geração acaba sendo prejudicada, pois somam-se o desafio da transição, que é estratégica, com a mudança do modelo de negócio. “Mexe-se na governança e no modelo de negócio simultaneamente, com chances reais de conflito”, alertou.

O processo torna-se ainda mais complicado, conforme o palestrante, se mais interesses estiverem envolvidos, como consórcio de primos e parcerias de irmãos. “O ambiente torna-se muito desafiador e muitas vezes o negócio sucumbe”, explicou.

Jornada organizacional

Wilson Carnevalli Filho destacou as diferenets etapas que compõem a jornada organizacional, que começa simples e passa para o segundo nível quando o negócio se mostra viável do ponto de vista econômico e gera riqueza. Nesse estágio, a relação entre o fundador e sua equipe mostra-se harmônica e baseada em confiança e lealdade.

Mas, como tudo, o sistema precisa evoluir, assim como a estrutura e a liderança. Os desafios ficam maiores com o ingresso da segunda geração no negócio, em que a equipe com a ‘cara do fundador’ precisa mudar seu perfil para adequar-se à nova geração, que baseia sua atuação em autonomia e confiança em novas regras. “É um novo ciclo que se abre e tem que ser pensado pelo perfil das novas lideranças, não mais pelas características das lideranças anteriores”, destacou.

Comportamento do sucedido

Conforme Carnevalli Filho, o comportamento do sucedido também influencia o processo de sucessão e as atividades do sucessor. Por isso, ele indica que o fundador, ao deixar o comando do negócio, direcione o foco para o seu crescimento pessoal, incorpore novas competências, tenha experiências em várias frentes, identifique novas oportunidades de network, seja dono do seu destino (desapegue-se do processo sucessório), descubra o seu ikigai e cuide da sua saúde.

 

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