“Polarização é destrutiva. Um caminho intermediário seria o ideal para o país”, afirma general Sergio Etchegoyen

Por ACI: 25/03/2021

Palestrante do Prato Principal desta quinta-feira, 25, o general Sergio Etchegoyen afirmou que um caminho intermediário entre Bolsonaro e Lula, nas eleições presidenciais de 2022, seria o melhor para o Brasil. “O país precisa disso, porque a polarização é destrutiva. Mas, infelizmente, não vejo, neste momento, quem possa fazer esse papel”, disse.

Atualmente residindo em Novo Hamburgo, o ex-chefe do Estado-Maior do Exército Brasileiro e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República entre 2016 e 2018 avalia que os governadores Eduardo Leite (RS), João Doria (SP) e Ronaldo Caiado (GO) têm potencial político, mas são incapazes de unir as diferentes correntes.

Para Etchegoyen, o Brasil vive uma crise com várias faces que se acentua a cada dia. A crise política ganhou corpo pela recente declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que ‘remédios, no Parlamento, são todos amargos. Alguns, são fatais’, num claro recado ao presidente Jair Bolsonaro, de quem cobra ações mais efetivas no combate à Covid-19 e compensações pelo apoio à aprovação de projetos.

A crise econômica tem como base a falta de lideranças capazes de resolvê-la e a crise social é incontrolável. “Há uma fronteira tênue entre necessidade e medo. Quando ela se rompe, há perspectiva de ruptura social pela fome, que decorre da falta absoluta de recursos para atender ao básico”, explicou o general, para quem, se isso ocorrer, 'todos os governos terão que responder'.

Etchegoyen descartou, entretanto, qualquer possibilidade de intervenção das Forças Armadas, que estão empenhadas em cumprir com seu papel constitucional. “Seria ruim para o país. As circunstâncias são diferentes das de 1964, e nem no impeachment de Fernando Collor, em 1992, houve qualquer movimento em direção à intervenção”, justificou. Para o palestrante, hoje quem sustenta a democracia é a população e os militares a apoiam.

Crítico dos governos petistas, em que se instalou o que ele classifica de maior esquema de corrupção da história do país, e da partidarização de parte da grande imprensa, Etchegoyen afirma que o Governo Bolsonaro perdeu a oportunidade de conduzir o país a um novo estágio de desenvolvimento devido a erros como o alinhamento injustificado com os Estados Unidos, a mudança na relação com o Congresso Nacional e a má-gestão da crise gerada pela Covid-19.

Para o ex-militar, política é arte da frustração, o que significa que muitas vezes tem-se que abrir mão de algumas coisas (o que gera frustração) para garantir outras. “Isso é ainda mais relevante no atual sistema política brasileiro, em que é impossível governar sem aliar-se às correntes que o integram”, definiu.

Para o general, é difícil e perigoso defender o Governo Bolsonaro, mas ele classifica como bem-sucedidos o combate à corrução e a opção pela produção local da vacina contra a Covid-19. “Embora a vacinação tenha começado tarde, hoje somos um dos países mais avançados na imunização contra a doença e, com o contrato assinado com a Universidade de Oxford e a empresa AstraZeneca, temos capacidade produtiva superior a um milhão de doses ao dia”, explicou.

Consertação do país

Para o general, o Brasil é maior do que a crise e é chegada a hora de uma 'consertação'. “Precisamos olhar para o futuro e valorizar as nossas qualidades”, disse, destacando que somos a segunda potência alimentar do mundo, estamos há 50 anos entre as dez maiores economias mundiais e somos líderes sul-americanos, o que efetivamente não é pouco.

Ao final, Sergio Etchegoyen reafirmou seu otimismo em relação à superação das dificuldades atuais, muitas das quais, segundo ele, decorrem da incapacidade dos governantes de utilizarem informações disponibilizadas pelos seus órgãos de inteligência e do inaceitável ativismo político de alguns juízes da Suprema Corte. “Já vivi muitas vésperas de fim do mundo, mas o dia seguinte amanheceu ensolarado”, finalizou.

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