Oito ou oitenta?

Por ACI: 13/04/2021

Quando ouço alguém exclamar – “comigo é oito ou oitenta” – fico pensando em como esse sujeito está perdendo todas as possibilidades intermediárias. Existe uma gradação nas coisas, mas não percebemos porque aprendemos que existem somente o bem e o mal, o dia e a noite, preto e branco, mas não consideramos as nuances, entretons, tonalidades, matizes. Para que a temperatura vá de zero a cem graus, passa por um aumento gradual, mesmo que, às vezes, de forma mais rápida, mais lenta. Quando começarmos a perceber tudo o que existe “entre”, seremos menos radicais, mais leves.

Estamos vivendo num mundo em que o processo de aceleração é assustador, tudo muda muito rápido e por isso não percebemos os “entretons”, mas é fundamental que comecemos a percebê-los, pois é ali que a vida acontece, sob pena de aumentarmos sobremaneira a radicalização no planeta e o sofrimento de muita gente.

Não é natural que se vá do nascimento direto à morte. No meio disso existe a vida e suas nuances, mas não a vivemos como deveríamos, saboreando o processo de viver, porque estamos no “piloto automático” e quando pensarmos em assumir o comando, talvez seja tarde. Quem é radical não percebe a vida, pois ela acontece, justamente, em suas nuances. Entenda-a como um processo gradual de aprendizagem, de amadurecimento em que vamos intercalando matizes, tons e formando o que chamamos de existência. Quando tentamos amadurecer uma fruta artificialmente, de forma rápida, ela perde sua doçura, seu sabor e não conseguimos desfrutar como gostaríamos. Pense na sua vida como se fosse uma fruta amadurecendo naturalmente, ficando doce e saborosa.

Não seja radical com os outros nem consigo mesmo. Saboreie a vida em todas as suas etapas e misture tonalidades (leia-se ideias, conceitos, experiências). Não perca tempo, ela é um processo de amadurecimento e apreciar suas sutilezas é viver de verdade.

Por Marco Cassel - palestrante@marcocassel.com.br

Fonte/Associada: Marco Cassel Palestrante Comportamental

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