Errando se aprende

Por ACI: 08/03/2021
Betina com o pai Roberto: segunda geração na continuidade da Shadow's

Roberto Krug nasceu em Novo Hamburgo. Até completar 18 anos, dedicou-se aos estudos. Mas, chegada a maioridade, veio também um choque de realidade. “Fui trabalhar como digitador na Sinoscar, meu primeiro emprego. Passada a primeira semana, achei que era melhor continuar estudando. Pedi pra mãe pagar a faculdade e recebi o melhor conselho da minha vida:”

- Tu tens saúde, te dei estudo, agora tu te vira para fazer a tua vida.

Numa frase curta e definitiva, ela cortou a relação umbilical e iluminou a estrada da vida do filho. Roberto trabalhou 6 meses na revenda de automóveis, superou o medo que acompanha a transição da adolescência para a vida adulta e, então, viu a oportunidade de dar um passo à frente: uma vaga no BCN  Servel, o braço de processamento de dados do banco.

“Trabalhava das 20h até as duas da manhã. Mesmo com a faculdade, tinha horário livre durante o dia e aproveitava para andar de moto.” Moto e frio, no entanto, dá uma combinação ruim. No raciocínio de um empreendedor, todavia, é um problema que exige solução. Comprar uma jaqueta de couro era muito caro.  Pensa, pensa, pensa... “Resolvi fazer uma jaqueta emborrachada e deu certo. Um amigo quis comprar, outro amigo também...”

Vislumbrando uma oportunidade, Roberto procurou uma conhecida na Comoto. Falou das jaquetas e ela adorou. Comprou 10. “Aí eu pensei: isso aqui pode dar dinheiro!” As primeiras peças, conta, cortava literalmente no chão dos fundos da casa da avó. Só que podia cortar em dias bons. Quando chovia, não tinha como.

O negócio foi evoluindo, o serviço aumentando e andar de moto, que era um prazer, virou ferramenta de trabalho. Pendurava os rolos de nylon e espuma nela quando saía para comprar materiais. Em 1989, contratou a primeira funcionária. Ou seja, virou uma empresa. Foi quando nasceu a Shadow’s.

“Então, acabei expulsando o carro do meu pai da garagem dele e peguei umas portas de armário para fazer minha primeira mesa de corte.” Tudo lindo, tudo maravilhoso, mas o projeto não era sustentável. “Eu fazia jaquetas para o inverno. E no verão, fazer o quê?” Mas nem tudo estava perdido, ele continuava empregado no banco. O lucro do negócio podia investir todo no próprio negócio. E pensar não custa nada.

“Acabei criando mochilas e comecei a me profissionalizar na área comercial.” Em 1990, o setor que trabalhava no banco foi extinto e, com isso, decidiu dedicar-se exclusivamente à empresa. “Sempre digo que, nos primeiros anos, aprendi como não se administra uma empresa. E isso foi bom, afinal, errei muito para depois continuar a aprender sempre.”

O network do Roberto, na época, o conectou com a fábrica detentora da marca Diadora no Brasil, que estava desembarcando no país. Queriam produzir mochilas para distribuir em toda América Latina. “Minha estrutura era pequeníssima. Mas sempre tive coragem para aceitar desafios. Confiaram no meu produto e decidi me aperfeiçoar em todos os sentidos.” Roberto relembra, com orgulho de um fabricante de “fundo de quintal”, ter tido o privilégio de assistir ao tenista Guga Kuerten entregar uma bolsa feita pela Shadow’s para o Jô Soares, no Programa “Jô Onze e Meia”.

Na década de 90, novos percalços. “Quando abriu o mercado internacional, começaram a vir mochilas muito baratas para o Brasil. Perdi espaço e precisava encontrar um novo nicho. Percebi que não havia no mercado, malas para  os representantes de calçados levarem suas amostras. Fiz e deu certo.”

Numa viagem ao Rio de Janeiro, sentou ao lado de Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira-Rio. Numa conversa de avião, falou que produzia malas para sapatos. Ele disse: “- Nunca ouvi falar disso aí! Toma o meu cartão e vai lá na empresa, em Igrejinha, fala com o pessoal do marketing.” Eles adoraram e nossa parceria, abriu o mercado de malas personalizadas para amostras de sapatos.

A Shadow’s produz malas para os mais diferentes segmentos. A última grande conquista foi a CBF, que comprou mais de 50 itens para as seleções brasileiras.

“Agora estou partindo para a segunda geração. Minha filha mais nova está na empresa desde os 16 anos, passou por todos os setores e, quem sabe, um dia, vai dar continuidade aos meus passos.”

Pergunto: o bairro Rondônia é um bom lugar para empreender? “Com certeza! Vejo especificamente a minha rua como uma área industrial, já que temos muitas empresas, dos mais variados segmentos.

Fonte/Associada: Jorge Trenz Negócios Imobiliários

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