Comitê de Economia avalia cenário com a decisão do STF que sacudiu o mercado

Por ACI: 05/12/2019

Novo Hamburgo/RS – Na última reunião do ano realizada pelo Comitê de Economia da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, o vice-presidente André Luís Momberger salientou que o mercado deu uma “sacudida”, e o principal drive não foi o “Lula Livre”, e sim, a decisão do Supremo Tribunal Federal, criando uma insegurança. Isto acarretou, segundo análise, a saída de investidores nessas duas últimas semanas. “O quadro é este: primeiro pode, depois não pode, depois pode novamente. Tem muita decisão política, então os investidores avaliam que podem ocorrer outras futuras decisões, gerando a insegurança no mercado”, observou.
 
Também ressaltou que como está crescendo a exportação de carne para o Oriente Médio e para a China, e o petróleo e a gasolina subindo, com o dólar a R$ 4,20, há expectativa de uma possível pressão inflacionária para os próximos meses, o que deve deixar o Comitê de Política Monetária um pouco mais cauteloso. “A taxa de juros futuro subiu, devido a decisão do Supremo Tribunal Federal. Estava a 7,5% de juros futuro para sete anos e agora está a 8,5% ao ano. O viés da projeção mudou, o mercado antecipa sempre os movimentos e essa mudança de taxa é puramente uma questão política e de instabilidade jurídica do País”, pontua ele.
 
Os integrantes do Comitê da ACI lembraram sobre o pacote de medidas encaminhadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que não deverá ser mais discutido neste ano, devido a pauta da PEC 410, referente à prisão em segunda instância, que entrou em votação, deixando a decisão das medidas de lado. Salientaram também que o Plenário do Senado Federal concluiu, no dia 19 de novembro, a votação da PEC Paralela da Previdência, que altera pontos da Reforma Previdenciária (Emenda Constitucional 103, de 2019). A Proposta de Emenda à Constituição, que segue agora para votação na Câmara dos Deputados, prevê a volta do período de migração do cálculo de aposentadoria, para respeitar os 80% dos melhores salários. “A alteração foi justa, a Reforma da Previdência é boa, é importante e necessária, porém houve alguns exageros. O texto aprovado institui idade mínima para aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, o tempo mínimo de contribuição foi estipulado em 20 anos para homens e 15 anos para mulheres. Antes, havia dois modelos de Previdência: por idade, se exigia 60 anos (mulheres) e 65 anos (homens), com ao menos 15 anos de contribuição, ou por tempo de contribuição, em que se exigia 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens), mas sem fixar idade mínima. Com a reforma, a aposentadoria por tempo de contribuição acabou”.
 
Na avaliação do Comitê de Economia, a Previdência Social não é um problema só do Brasil, e sim, do mundo inteiro. “Ela foi montada em um sistema de pirâmide, um monte de contribuinte na base para pagar o da ponta. No início, tinha 16, 17 contribuintes para 1, hoje está em 2.7. Quando elaboraram o sistema da Previdência, o brasileiro vivia a média de 53 anos. Na primeira reforma, aumentou para 65 anos, e hoje a média de expectativa de vida é de 73 anos. Mas a média dos que mais ganham é de 84 anos. Contudo, a média eleva para cima, se beneficiando mais tempo do que contribuiu. Hoje, 63% das pessoas aposentadas ganham um salário mínimo, porque contribuíram para receber este valor. Criaram a regra de transição que, ao invés de se aposentar aos 65 anos, pode se aposentar aos 60, com um redutor. O cálculo é o seguinte: estes cinco anos que você antecipa, você ganha a diferença na frente, com 70 anos, com o valor corrigido para cima. A aposta do governo é de o indivíduo morrer antes. O governo diminui o desencaixe antes e te promete para depois. Já deve ter uma estatística mostrando que essa conta é favorável”, destacou André Momberger.
 
Na explicação dos integrantes do Comitê, provavelmente, quem tem acima de 30 anos hoje vai se aposentar com cerca de dois salários mínimos. E quem tem hoje na faixa de 20 anos, com certeza irá se aposentar com um salário mínimo. Explanaram que essa nova geração nem deve contribuir para a Previdência, pois quando se aposentarem já vai ter “implodido” há muito tempo. “A Previdência Social não é igual a uma Previdência Privada, que diz assim: você terá um valor “X” de contribuições e terá “X” valor acumulado, podendo retirar gradativamente, mas vai chegar uma hora, que esse valor vai terminar e não terá mais renda”.
 
Durante a reunião também foram citados exemplos de poupança. Num caso de uma pessoa que começou a poupar aos 40 anos, outra aos 30 e outra aos 20, sendo que todas encerram aos 65 anos, o cálculo é o seguinte: Pessoa de 40 anos = poupança de R$ 1.000 ao mês = saiu aos 65 anos = Total de 1 milhão acumulado; Pessoa de 30 anos = poupança de R$ 1.000 ao mês = saiu aos 65 anos = Total de 2 milhões e um pouquinho acumulado; Pessoa de 20 anos = poupança de R$ 500,00 ao mês = saiu aos 65 anos = Total de 5 milhões e meio acumulado. “O ensino deveria mudar, teria que ter educação financeira nas escolas, para aprenderem a economizar. Ou faz poupança e fica refém desse valor. Poupar e ter uma educação financeira são fundamentais e necessárias. Vai ser fundamental que a população poupe, para não ocorrer o que aconteceu com o Chile. O brasileiro não sabe poupar, está sempre correndo atrás da máquina, e ainda prejudica, com tantas facilidades de retirada de crédito, e que deixam as pessoas ainda mais enroladas na questão do dinheiro. O rendimento, há algum tempo, era mais tranquilo, porque o Brasil pagava um juro razoável e na poupança era possível fazer o dinheiro render de alguma forma. Hoje, a realidade mudou, ficou um pouco mais séria, pois os juros serão de 4,5% a 4,25%.  É bem provável que para o ano de 2020, o juro seja de 4,5%. Havia uma previsão de ser de 4%, mas mudaram um pouco o viés”.
 
De Zotti Comunicações
Em 05/12/2019

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