Bom senso e boa votação a todos

Por ACI: 01/10/2018

Chegaremos, no próximo domingo, a mais uma eleição em nosso país. Será a  5ª para a presidência da República neste século, e ela representa mais uma oportunidade para o Brasil realizar todo o seu potencial, e deixar de ser o eterno “país do futuro”.

Antes de falarmos sobre estas eleições, façamos um breve apanhado dos últimos 40 anos no país. Após a década perdida na economia, anos 1980, durante a qual voltamos a ter eleições diretas para escolher nossos governantes, chegamos aos anos 1990. Ocorre o impeachment de Collor; depois vem o Plano Real, que consegue debelar a nossa crônica hiperinflação; várias empresas estatais anacrônicas e deficitárias são vendidas à iniciativa privada; a Lei de Responsabilidade Fiscal é aprovada, buscando barrar os gastos insanos da União, estados e municípios, limitando-os à capacidade de arrecadação de tributos desses entes políticos. Houve, no entanto, a destruição de uma expressiva parcela de nossa indústria, devido ao câmbio mantido artificialmente valorizado, visando ao controle da inflação, além de fortes suspeitas de favorecimentos nos processos de privatização. Mas estes fatores positivos, aliados ao eficiente tripé macroeconômico (câmbio flutuante, controle da inflação e austeridade fiscal), à depuração do sistema financeiro e a uma legislação que estimulava o desenvolvimento econômico, nos preparam para um novo milênio promissor.

E a primeira parte dos anos 2000 confirma a conjunção ótima entre a economia do mundo e a do Brasil. Aqui temos tudo o que foi construído nos anos anteriores, mais uma janela demográfica altamente favorável, e, no mundo, a locomotiva China cresce diversos anos seguidos a mais de 10% ao ano, e puxa o consumo e o preço das comodities de todo o mundo. Em 2002, a presidência do país muda de esfera, saindo do PSDB para o PT, na figura de Lula. Mas a política econômica continua a mesma, acrescida de uma política de inclusão de parcelas mais pobres, através de aumentos reais do salário-mínimo, e o país cresce.

Já a partir do seu 2º mandato, após trazer para dentro do governo (com o intuito de proteger-se politicamente dos efeitos do chamado Mensalão) o então PMDB, e ceder espaço cada vez maior aos que defendiam uma nova matriz econômica para o país (Dilma à frente), baseada no intervencionismo, no crédito e no gasto governamental, foi plantada a semente do desastre que viria pela frente. Em 2010, Dilma foi eleita graças, principalmente, aos 7,5% de crescimento do PIB naquele ano (infelizmente número muito acima do potencial econômico do país). A partir daí, o que se viu foi mais do mesmo; aumento do gasto público, crédito subsidiado, descontrole da inflação e outras políticas populistas. Reeleita a duras penas em 2014, e com um discurso que depois mostrou-se um estelionato eleitoral, já em meio a maior recessão da história e, assim como havia ocorrido com Collor, a levou ao impeachment. Temer assume e, rapidamente, através de práticas econômicas ortodoxas, consegue reverter o caos econômico instalado no país, além de aprovar importantes medidas macroeconômicas. No entanto, as soluções para o crescimento econômico e a criação de empregos foram pífias, e, do ponto de vista de força política e ética, não houve uma grande mudança, até porque seu governo saiu do seio do anterior. A solução dada à greve dos caminhoneiros mostrou o quão frágil tornou-se seu governo.

No campo político foram tempos difíceis, que nos levaram a desacreditar na democracia. Proliferação de partidos fisiológicos, Lava Jato expondo as entranhas da corrupção endêmica, movimentos populares que mais destruíram do que construíram.

Baseado em tudo que ocorreu neste período, temos, nós, cidadãos, que nos prepararmos muito bem para as próximas eleições. Temos que lembrar que somos nós quem escolhemos nossos representantes, que somos nós quem definimos o tipo de projeto econômico e social que queremos ver em ação por parte de nossos governantes.

A ACI é apartidária, mas somos a favor e praticamos sempre a boa política (e ledo engano de quem pensa que há saída para o país fora da política). Não indicamos candidatos, mas temos uma ideia clara do que seja um bom governante: alguém que tenha um projeto de Estado e não de governo; que faça o que for necessário para buscar crescimento econômico e inclusivo, de uma forma consistente e duradoura; que veja a austeridade fiscal (leia-se teto de gastos) como algo indispensável; que trabalhe para promover, rapidamente, o aumento da produtividade de nossa economia; que pense no melhor para todos; e que nunca, em hipótese alguma, tente resolver nossos complexos problemas com soluções simplistas (disto já tivemos muito nos últimos tempos, e sabemos que não acaba bem).

Vale sempre lembrar a célebre frase de Otto von Bismark: "nunca se mente tanto quanto antes de uma eleição, durante uma guerra, e após uma caçada". E acredite: não são apenas os candidatos dos outros que mentem. Votar com o fígado, e não com a massa cinzenta (leia-se a raiva dominando o bom senso), nunca trouxe bons resultados.

Bom senso e boa votação a todos!

Marcelo Lauxen Kehl
Presidente da ACI

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