As inovações podem apresentar, mesmo que não desejadas, duas faces

Por ACI: 24/01/2018

Associada: Cinética

As inovações podem apresentar mesmo que não desejadas,  duas faces: uma voltada para os avanços  efetivos  da sociedade  e uma outra, indicando  caminhos que levam esta a gerar  conflito e até da destruição.

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam ”   Salmo 127:1

1-A dualidade do mundo em que vivemos: Alfred Nobel, o pai da dinamite, que se   notabilizado como o “o mercador da morte”,  criou também o  Prêmio Nobel, para premiar   inovações de  elevado valor contributivo  para a  humanidade.  

A história se  repete, ou seja,  pessoas dão os primeiros passos em um tema ou conhecimento ainda não bem desenvolvido  e igualmente não bem  dominado,  e na medida do avançar do tempo,  estas vão  perseguindo enfaticamente o domínio   mais aprofundado sobre este seu conhecimento, de modo que o domínio amplo   deste, acaba mostrando  algo ainda não conhecido pela sociedade nem esperado e principalmente, não desejado.  

A marca do inventor/inovador, como uma   impressão   digital,   torna-se eterna e  percorre o mundo ao longo do tempo que avança.  

Os estudos sobre explosivos  nos tempos  modernos,  foram desenvolvidos na segunda metade  do século XIX, quando também  as  primeiras aplicações da pólvora  foram iniciadas.     Os seus primeiros usos  foram nas minas de carvão  e igualmente  na construção de  túneis,  principalmente  para  levar a água a lugares longínquos e  às   cidades  que se firmavam como aglomerados sociais altamente dependentes deste  precioso líquido.  .

Este levar água à longas distâncias, foi  uma  contribuição/inovação    de  inimaginável importância desenvolvida pela pólvora, para o progresso da sociedades, tanto locais como  as situadas em regiões onde o progresso ainda não se manifestara de forma mais perceptível.  Até o século  XVIII,   esta foi a contribuição essencial da pólvora:  promover o crescimento e estruturação da habitabilidade  das cidades  em condições  de saúde  e de bem estar social.  

Porém o crescimento das cidades  acelerava-se   e a velocidade  de gerar as condições de habitabilidade  sadia,   começou a declinar e a perder a  sua efetividade.  A habitabilidade não acompanhava  o crescimento das cidades.

A potência explosiva da  pólvora  começou a  limitar o progresso, pois que os poços de água  perfurados  não passavam em média  de  doze metros de profundidade.  Com o baixo poder da pólvora, era praticamente impossível  construírem-se   galerias reservatórias  de água  com a capacidade de   atender  as necessidades das pessoas  e principalmente, assegurar  condições de higiene  necessárias à vida  em comunidade. 

Surge então a dinamite no cenário  da habitabilidade das cidades! 

A dinamite desenvolvida por Alfred Nobel tornou-se então a solução para este grave problema  de crescimento  sustentável das cidades,  sob o ponto de vista da  saúde pública.  

Enormes galerias subterrâneas passaram a armazenar água,  e igualmente   enfrentar  vitoriosamente  temporadas  em que este precioso líquido essencial  tornava-se  escaço.

Alfred Nobel,  entusiasmado  pelas contribuições de seu  invento para a sociedade, instituiu  o Prêmio  Nobel,  para contemplar  as pessoas que  tivessem e desenvolvessem  o espírito e idéias de  gerar inovações de largo espectro de contribuição para a sociedade.

A dinamite  modificou radicalmente  a capacidade das cidades   em ter água  abundante, e por consequência,  uma  vida efetivamente saudável.

2-Em vez da pólvora, a dinamite: como desenvolveu-se  e como   consolidou-se   esta  a inovação!

Substitutivos da pólvora  começaram a surgir no cenário  onde mudanças  radicais de  ambientes eram necessário para gerar sistemas habitacionais    que proporcionassem  benefícios efetivos e reais para  a vida saudável   das pessoas em grandes aglomerados, que vieram posteriormente a constituir  as grandes metrópole de hoje.

A  dinamite  desenvolvida por  Nobel,   é um  dos mais    perigosos explosivos que se conhece.   Diferencia-se da nitroglicerina,  por sua estabilidade química e a segurança no  seu manuseio.   Contrariamente, a nitroglicerina, desenvolvida em épocas paralelas ao desenvolvimento  da dinamite, é  também um explosivo de alto impacto, o qual por ser  altamente instável quimicamente,   é  de difícil manuseio, exigindo    extremos cuidados no manuseio.  Seu uso  é recomendado para situações  muito restritas e especiais, exigindo   muita  experiência dos seus operadores e manipuladores.

Em função das restrições  à nitroglicerina, a dinamite tornou-se um explosivo  universal de  uso principalmente  na  engenharia  civil – construção de rodovias   e de  ferrovias -.

A dinamite  passou  por etapas de  aperfeiçoamento, e isto fez com que seu criador   recebesse     condecoração  pela contribuição à construção civil.

Porém,  e existe sempre um porém:   há mentes que viam  as coisas por um  outro lado,   ou seja, a dinamite servindo  mais do que somente para atender estes necessidades   da  busca da abundância de água!. 

A dinamite demonstrou com o seu seguro uso, ser uma ferramenta  de múltiplas utilizações  diante de um cenário, onde  as rodovias e estradas de ferro  multiplicavam-se    pelo crescimento  do uso dos automóvis e do  trem,   como  um instrumentos de levar o progresso para todos os quadrantes dos países.        . 

Avançando mais no tempo, ela, a dinamite, consolidou  a  sua necessidade e sua utilidade na construção  de rodovias,  construindo o  ciclo  do automóvel,  com a construção    de centenas  de milhares de quilômetros  de rodovias,  onde este explosivo  destacou-se  como um fator de  construção rápida das autovias.

Mesmo sendo um  fator de  alto perigo na sua aplicação, a sociedade aprendeu a lidar com eficiência este poderoso instrumento de destruição.

Por este aprendizado em lidar com o seu potencial  perigo, a sociedade    teve que inovar a sua visão  sobre  fatores efetivamente  danosos.  Assimilada vista,  a  dinamite  passou a ser, mesmo que altamente perigosa,  uma necessidade  vital para promover o desenvolvimento da sociedade, com segurança sempre condicionado.   Nesta história de inovações, os fins  justificaram os meios!           

3-Os Prêmios Nobel.

O Nobel da Paz é um dos cinco Prêmios Nobel legados  à  humanidade pelo inventor da dinamite, o já referido   Alfred Nobel. Os prêmios, Nobel da Paz,  Nobel de Física, Nobel de   Química,  Nobel da Fisiologia,  Nobel de  Medicina e Nobel de Literatura são entregues anualmente em Estocolmo, sendo que o Nobel da Paz é atribuído ou entregue em Oslo. O Comité Nobel Norueguês, cujos membros são nomeados pelo Parlamento da Noruega, tem a função de escolher os laureados pelos prêmios, que são entregue pelo  presidente da Fundação Nobel, anualmente.   Atualmente há um sexto prêmio associado: o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas.

Alfred Nobel decidiu,  que fosse a Noruega  o país a decidir o laureado anual  pelo Nobel da Paz, de forma a prevenir a influência de poderes políticos internacionais no processo de atribuição do Nobel.

De acordo com a vontade de Alfred Nobel, o prêmio deveria distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior e melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços da guerra,  e pela manutenção e promoção de tratados de paz".

Ao contrário dos outros prêmios,  o Nobel da Paz pode ser atribuído à pessoas ou organizações que estejam envolvidas num processo de resolução de problemas, em vez de apenas distinguir aqueles que já atingiram os seus objetivos em alguma área específica. É, portanto, um prêmio  com características bem próprias e amplas.

E a inovação onde fica?    O ineditismo das propostas  é um fator essencial  para a escolha do vencedor do  prêmio.

4-Uma observação  relevante!

Alfred Nobel foi acusado de ser um “mercador da morte” por ter   desenolvidido  a dinamite.    Situações semelhantes  aconteceram também com outros  inventores,  como  Santos  Dumont   que se culpou  abertamente quando o avião passou a  ser um instrumento de guerra.  Dumont  abandonou Paris e voltou  a morar   em  sua casa onde nasceu,  no interior de São Paulo, onde veio a falecer.

Os inventores e inovadores na sua grande maioria,  passam por esta condição de serem pioneiros, e em sendo pioneiros, lidam com o ainda não sabido  e o desconhecido,   fazendo com que  dúvidas  de caráter ético surgissem  em suas mentes, gerando  conflitos  mentais entre  as  verdades  praticadas e consolidadas pela sociedade e as novas verdades  que emanam com a inovação criada.

Este cuidado os inovadores e inventores devem ter,   pois  inovações  e inventos   criam novos  e inéditos  limites  ético, que precisam necessariamente  serem definidos e   assimilados.   

Quem viver, verá!

Eng. MSc. Fernandp Oscar Geib.    cineticanh@uol.com.br     

Fonte: Cinética

 

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