A Árvore

Por ACI: 19/09/2018

Decano do Comitê Jurídico da ACI apresenta artigo lembrando o Dia da Árvore, 21 de setembro

Novo Hamburgo, num passado auspicioso, foi uma cidade arborizada. Em todas as ruas, as árvores davam um sinal de civilização e eram protegidas. A rua David Canabarro era um exemplo cultural. De um lado havia laranjeiras e, de outro, pereiras. Agora ainda existem disso resquícios. Depois, com a complacência da administração municipal, se fez devastação. Só próximo da minha residência desapareceram mais de quatrocentas árvores. Em um primeiro de janeiro, um vizinho derrubou quatro árvores, assistido por um grupo de trabalhadores. Plantaram ali um pouco de grama e uns ciprestes. Varreram tudo e foram embora. Quem deveria agir, se omitiu. Depois de algum tempo, a grama e os ciprestes também desapareceram.

A vegetação, principalmente as árvores, tem importante papel estético nas cidades, e reforçam as palavras do poeta Vinicius de Moraes, de que a beleza é fundamental, pois interfere na identidade e sentimento de dignidade de seus moradores. Além do caráter estético, a vegetação tem um papel importantíssimo na qualidade do meio ambiente urbano. O grande problema é que não se prevê lugares, em quantidade suficiente, para que o verde tenha a presença necessária no tecido urbano. Historicamente, as cidades têm sido desenhadas apenas para abrigar as construções e os veículos. Contudo, algumas cidades priorizam o verde em seus planejamentos urbanos e colhem seus benefícios.

A canadense Vancouver possui em sua área metropolitana mais de 200 parques que impactam positivamente na qualidade do ar e de vida de seus moradores.

Curitiba é a cidade com vida mais sustentável do Brasil e já ganhou inúmeros reconhecimentos, até o de cidade mais sustentável da América latina por ser uma das melhores do mundo.

Por sua vez, São Paulo é vista como uma selva de pedras. Considerando a malha da cidade, sem contar os bolsões de mata ao sul e ao norte da capital nem seus parques, o índice médio de cobertura verde no viário urbano é de só 11,7%. Esta metrópole, em avaliação mundial, fica na terceira pior posição, só à frente de Quito (10,8%) e Paris (8,8%), a pior colocada.

Como as ruas são a unidade primária pela qual as pessoas se movem e experimentam a cidade, nos concentramos nelas. E, considerando os muitos serviços que fornecem, como o resfriamento e a retenção da água das chuvas, as árvores das ruas são fundamentais. Pesquisas científicas têm apontado que os benefícios associados à uma boa arborização vão muito além do conforto térmico. Árvores removem poluentes da atmosfera e umidificam o ar. Estima-se que uma única árvore de grande porte pode transpirar 150 mil litros de água em um ano – 400 litros por dia.

Num futuro cada vez mais quente por causa das mudanças climáticas, a arborização urbana assume importância fundamental, devendo ser considerada essencial para a vida. Aos administradores, cabe encarar isso em caráter prioritário e aos advogados, engenheiros e arquitetos vinculados ao meio ambiente,  analisar o antes aludido.

Adalberto Alexandre Snel
Advogado

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